A irresponsabilidade Jair Bolsonaro no tocante ao Congresso Nacional é tamanha, que ministros do governo estão trabalhando nos bastidores para que do presidente da República venha a pública e peça a seus apoiadores para que os protestos agendados para o próximo domingo (15), sejam cancelados.
A preocupação dos ministros não é com a possibilidade de os protestos minguarem, mas com os efeitos colaterais das manifestações, que podem dificultar ainda mais as relações com o Parlamento. No momento em que o governo precisa aprovar medidas que poderão ajudar na retomada do crescimento econômico, como as reformas tributária e administrativa, incentivar protestos contra o Congresso é uma decisão extremamente perigosa para quem até então não mostrou a que veio.
Logo após a jornalista Vera Magalhães, de “O Estado de S. Paulo”, noticiou que Bolsonaro havia compartilhado pelo celular vídeo a favor das manifestações, o presidente tentou minimizar sua decisão, principalmente porque tal atitude é facilmente interpretada como crime de responsabilidade, o que, ato contínuo, enseja pedido de impeachment.
Depois desse recuo do tipo “faz de conta”, o presidente voltou a afrontar o Congresso quando, em escala da viagem aos Estados Unidos, discursou no aeroporto de Boa Vista (RR) e convocou oficialmente seus apoiadores para os protestos de 15 de março.
Os ministros do governo Bolsonaro estão usando como justificativa para defender o cancelamento dos protestos o fato de a economia brasileira estar enfrentando cenário preocupante. Além disso, os ministros têm alertado para o perigo que representam as aglomerações em tempos de avanço da epidemia do novo coronavírus.
No que tange a um eventual pedido de impeachment, Bolsonaro parece decidido a viver perigosamente, pois mesmo alegando que os protestos não são contra o Congresso, mas a favor do governo, está ciente de que as manifestações têm também na mira o Supremo Tribunal Federal (STF).
É importante ressaltar que se o STF, em algum momento, for consultado sobre a aplicabilidade da Lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950, conhecida popularmente como “Lei do Impeachment”, caso decida-se apear o presidente do cargo, o cenário poderá ser desfavorável a Bolsonaro. Mas a vida, fora e dentro da política, é feita de escolhas.