Depois de tratar com deboche e desdém a epidemia do novo coronavírus – agora é pandemia –, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se viu obrigado a anunciar medidas para conter o avanço da Covid-19, sob pena de ver ir pelo ralo sua tentativa de reeleição, uma vez que nos últimos dias muitos foram as críticas dirigidas ao inquilino da Casa Branca.
Trump, que na noite de quarta-feira (13) já havia decidido proibir voos a partir da Europa por trinta dias, começou seu discurso, transmitido em cadeia de rádio e televisão, como se fosse o Darth Vader contra o vírus que vem tirando o sono de bilhões de pessoas ao redor do planeta e matando milhares.
No pronunciamento que fez no Salão Oval da Casa Branca, por ocasião do anúncio da proibição de voos a partir de 26 países europeus, Trump disse estar “confiante” de que seu governo “reduzirá significativamente” a ameaça do novo coronavírus. “Vamos derrotar o coronavírus”, exclamou Trump, ao dizer que os EUA estão fazendo o “maior esforço da história moderna” contra a doença que começou na China.
Trata-se de uma sonora inverdade, pois outras nações estão muito à frente dos EUA na adoção de medidas para conter o avanço no novo coronavírus. A reação tardia de Donald Trump – declaração de emergência nacional – se deu apenas por necessidade política e eleitoral, pois além do seu projeto de reeleição há a necessidade de criar frentes de confronto internacional com a Europa e a China. O presidente americano culpou a Europa por não ter adotado medidas para conter a doença, como se ele tivesse feito algo relevante nesse sentido.
Deixar o Reino Unido de fora dessa proibição foi motivo dos mais variados chistes, pois quem de fato necessitasse chegar aos EUA, partindo da Europa, faria escala em Londres, por exemplo, e depois seguiria viagem. Acreditando que o universo coloca-se genuflexo diante de sua grotesca figura, Trump insistiu na esdrúxula medida, mas sua teimosia durou poucas horas.
Na tarde deste sábado (14), os EUA anunciaram a suspensão de voos que partem do Reino Unido e da Irlanda, a partir da próxima segunda-feira (16). O anúncio foi feito pelo vice-presidente americano, Mike Pence, durante entrevista coletiva. O vice-presidente ressaltou que os cidadãos norte-americanos e os residentes permanentes no país poderão voltar ao Estados Unidos.
A inclusão da Irlanda e do Reino Unido significa que cerca de 500 milhões de cidadãos britânicos e da União Europeia estão proibidos de viajar para os Estados Unidos. Por outro lado, os cidadãos dos EUA não foram proibidos de entrar no Reino Unido e na Irlanda.
Faz-se necessário ressaltar que a inclusão da Irlanda e do Reino Unido na lista de voos proibidos com destino aos Estados Unidos não impede que o novo coronavírus continue avançando em território americano.
Trump deveria preocupar-se com o Brasil, onde o presidente Jair Bolsoanro, que vez por outra recebe seus inócuos e rasgados elogios, não toma qualquer atitude para impedir o avanço da doença. No Brasil, país que aguarda sob tensão a explosão do número de casos de Covid-19 para as próximas semanas, as autoridades sequer conseguem manter medidas como as que proibiam a saída de cruzeiros marítimos a partir de portos brasileiros e exigiam isolamento a todo passageiro que chegasse ao País em voo internacional.
Considerando que por enquanto não há proibição de voos entre o Brasil e os EUA, Trump que se prepare! (Com agências internacionais)
