Bolsonaro deixa isolamento e como chefe de torcida se junta a protesto contra o Congresso e o STF

 
Que Jair Bolsonaro é um populista de quinta categoria o mundo já sabe, mas sua irresponsabilidade como presidente da República chega a ser torpe, pois é inadmissível que um chefe de Estado ignore a liturgia do cargo e faça do cotidiano presidencial uma espécie de picadeiro perene.

Sem ter descido do palanque depois de encerrada a eleição presidencial de 2018, Bolsonaro continua jogando para a horda de apoiadores, como se desde que tomou posse no cargo não tem o compromisso de governar para todos os cidadãos, independentemente de ideologia.

Em mais uma clara demonstração de que é movido pelo revanchismo ideológico, não sem antes ratificar seu desapreço pela democracia e pelo Estado de Direito, Bolsonaro deixou o Palácio da Alvorada na manhã deste domingo (15) e, após passar pela manifestação contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF), que acontece na Esplanada dos Ministérios.

O presidente também circulou pelas ruas de Brasília para sentir o pulso dos protestos e depois seguiu para o Palácio do Planalto, onde acenou aos apoiadores que se aglomeravam à sua espera. Sob gritos de “Bolsonaro, estamos com você” e “o povo está do seu lado”, Jair Bolsonaro postou-se diante do palácio presidencial e fez uma transmissão ao vivo pelo Facebook. Ele cumprimentou manifestantes com o punho cerrado e fez selfies com celulares de alguns apoiadores.

 
Durante a transmissão pela rede social, Bolsonaro disse que a manifestação não é contra o Congresso, mas sabe-se que esse discurso é mentiroso. “Isso não tem preço (referindo-se aos gritos de apoio). Se trabalharmos pelo Brasil um ano a gente decola. Estamos todos no mesmo barco”, afirmou o presidente, que abusa do ufanismo para ludibriar a opinião pública.

Fosse minimamente responsável, o presidente já teria adotado medidas mais duras para conter o avanço do novo coronavírus, pois o número de casos da Covid-19 no País é muito maior do que o anunciado oficialmente pelo governo. O UCHO.INFO estima que o número de casos de Covid-19 no Brasil já está na casa dos milhares, pois no começo os hospitais públicos se recusaram a atender pacientes com vários sintomas da doença, assim como evitam realizar testes para atestar se a pessoa foi infectada pelo novo coronavírus.

De volta ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro pediu “ajuda” aos apoiadores que o aguardavam para “ficar e governar”. “Vocês me botaram aqui e agora têm que me ajudar a ficar e governar”, disse o presidente a um grupo de aproximadamente 20 pessoas.

Sob orientação das autoridades de saúde, Bolsonaro estava em isolamento domiciliar até a realização de novo teste para o novo coronavírus, em razão do contato com pessoas infectadas.

O Brasil está à deriva em termos de governança desde que Bolsonaro chegou ao Palácio do Planalto, em 1º de janeiro de 2019, sendo que nesse período em nenhum momento ele agiu como presidente da República, mas, sim, como chefe de torcida organizada. O que em nada ajuda para tirar o País da múltipla crise em que se encontra.