Bolsonaro tenta atrair Maia e Alcolumbre para armadilha na hora do panelaço desta 4ª feira, mas fracassa

 
Isolado por conta da forma irresponsável e debochada como vinha tratando os efeitos colaterais do novo coronavírus, pandemia que somente em São Paulo registra três mortes, o presidente Jair Bolsonaro foi obrigado a mudar o discurso galhofeiro diante de fatos incontestáveis.

Depois de ter rompido o isolamento imposto por médicos e autoridades do Ministério da Saúde para participar, no último domingo (15), do protesto contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF), o que levou Bolsonaro a desafiar os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, respectivamente, a saírem às ruas, como se isso provasse algo.

Alvo de severas críticas por sua irresponsável atitude, Bolsonaro foi obrigado a mudar de postura para evitar o agravamento de uma situação política que caminha a passos largos na direção da insustentabilidade, principalmente depois que um pedido de impeachment contra o presidente da República foi protocolado na Câmara.

 
Com um palavrório mais tênue, porém embusteiro, Bolsonaro passou acenar a bandeira branca na direção do Congresso Nacional e do STF, como forma de passar à maioria da opinião pública a falsa ideia de que ele não busca a discórdia nem está atentando contra os Poderes constituídos. Até porque, se o Congresso decidir levar adiante o pedido de impeachment, o presidente não se sustentará no cargo, nem mesmo com o apoio da horda de aduladores.

Engana-se quem pensa que Jair Bolsonaro é movido pelo bom-mocismo. No afã de apagar a má imagem deixada no cenário da pandemia do novo coronavírus, Bolsonaro convidou os presidentes da Câmara e do Senado para uma reunião, cujo objetivo é discutir medidas de combate à Covid-19. No melhor estilo “amigo da onça”, Bolsonaro agendou o encontro para as 20 horas desta quarta-feira, trinta minutos antes do horário marcado para o início do panelaço contra o presidente da República. Ou seja, uma armadilha da pior espécie.

Como o panelaço que tomou algumas cidades brasileiras na noite de terça-feira (17) surpreendeu a cúpula do governo, Bolsonaro, aconselhado por assessores, decidiu atrair Maia e Alcolumbre para dividir o ônus da manifestação. Até agora não há confirmação de que ambos participarão do encontro na hora marcada, mas tudo indica que a reunião será postergada.

Diante da indefinição de ambos os parlamentares, o presidente da República acionou o “gabinete do ódio”, que funciona no Palácio do Planalto às custas do suado dinheiro do contribuinte, para convocar um panelaço a seu favor, às 21 horas, trinta minutos depois do que pedirá sua renúncia. Ou seja, agora a pressão é a arma mais eficaz para impedir que a democracia brasileira vá pelo ralo.