Sempre debochado, Bolsonaro compara coronavírus a gravidez: “Vai passar, um dia vai nascer a criança”

 
Se até a eclosão da pandemia do novo coronavírus Jair Bolsonaro não tinha condições intelectuais de continuar na Presidência da República, sem contar os muitos crimes de responsabilidade que já cometeu, a partir do surto da Covid-19 a questão é moral. Deixá-lo no comando da nação é um ato de irresponsabilidade da massa pensante brasileira, que não pode consentir com a enxurrada de declarações absurdas do chefe do Executivo, que parece estar a contar piadas na recepção de uma casa de alterne.

Torpedeado por críticas dos mais distintos matizes pelo fato de ter desrespeitado isolamento sanitário imposto pelos médicos e participado, no último domingo (15), do protesto contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF), ocasião em que cumprimentou apoiadores e tirou fotografias, Bolsonaro agora tenta amenizar o estrago com declarações fora do tom e que envergonham os brasileiros de bem.

Em uma dessas tentativas picarescas de justificar sua incompetência e irresponsabilidade, Bolsonaro comparou a pandemia do novo coronavírus à gravidez, sugerindo que o avanço da doença há de cessar em algum momento. “Vai passar, desculpa aqui, é como uma gravidez, um dia vai nascer a criança. E o vírus ia chegar aqui um dia e acabou chegando”, declarou o presidente.

 
Não contente com o absurdo discursivo, que sequer arrancaria gargalhadas da mais tosca das plateias, Bolsonaro voltou a afirmar que há no País uma onda de “histeria” em razão do coronavírus e que as consequências serão as “piores possíveis”. “Tem locais, alguns países que já tem saques acontecendo. Isso pode vir para o Brasil. Pode ter um aproveitamento político em cima disso”, declarou Bolsonaro.

Questionado sobre a possibilidade de o sistema de saúde pública não conseguir atender à demanda causada pelo coronavírus, Bolsonaro disse que “todos os hospitais das Forças Armadas estão se preparando”. Isso em nada resolve o problema, pois com o avanço da pandemia do novo coronavírus, que acontece de forma exponencial, a procura por hospitais será muito maior do que a oferta.

Sempre pronto para faturar politicamente, até mesmo em meio ao caos, Bolsonaro afirmou que mais pessoas morrerão pela paralisia da economia, em comparação com as mortes que serão causadas pelo coronavírus. “Vai morrer muito mais gente fruto de uma economia que não anda do que do próprio coronavírus”, disse o presidente.

Pois bem, se é procedente a tese que relaciona elevado número mortes à paralisia econômica, Bolsonaro já deveria ter tomado alguma providência, pois muito antes da epidemia do novo coronavírus o Brasil enfrentava sérias dificuldades no campo da economia. Aliás, o ministro Paulo Guedes até agora não conseguiu justificar o pífio PIB de 2019, enquanto o presidente da República recorreu a um humorista para explicar o inexplicável. Mesmo assim, há quem garanta que Bolsonaro é o melhor presidente de todos os tempos. Enfim…