Governo Bolsonaro continua “maquiando” a verdade sobre a crise do novo coronavírus no País

 
Quem acompanha o jornalismo do UCHO.INFO sabe que nosso compromisso é com a verdade dos fatos, já que temos a responsabilidade de levar a cada um a melhor informação e a análise mais balizada, mesmo que muitos discordem de nossas opiniões. Como sempre afirmamos, jamais nos rendemos a ofertas espúrias para fazer jornalista de aluguel, pois é preciso que a sociedade tenha na imprensa uma ferramenta para vigiar o Estado e seus governantes. Por isso é importante ser independente como órgão de comunicação.

Logo após a confirmação do primeiro caso do novo coronavírus no Brasil, mais precisamente no Hospital Albert Einstein, na capital paulista, este portal publicou matéria alertando para a forma irresponsável como o poder público estava agindo diante de casos em que pacientes com vários sintomas da Covid-19 procuraram unidades do SUS e foram mandados de volta para casa com o diagnóstico de gripe comum, sem a realização de qualquer exame, e a recomendação para não entrarem em pânico.

Naquele momento chamamos a atenção para o fato de que em um dos casos, o qual acompanhamos a paciente pronto atendimento do Hospital São Paulo, na cidade de São Paulo, a paciente informou aos médicos e atendentes que estava com vários dos sintomas da Covid-19 e manteve contato durante longo período com pessoas que viajaram ao norte da Itália, mas mesmo assim nada foi feito. Os médicos sequer quiseram saber os nomes das pessoas que viajaram à Europa, procedimento necessário para iniciar um processo de rastreamento de uma possível frente de contaminação. A paciente em questão foi obrigada a buscar atendimento particular, mas mesmo assim contraiu pneumonia e vem enfrentando dias de extrema dificuldade em termos de saúde.

Na ocasião o UCHO.INFO enfatizou que pelo fato de pesquisadores terem identificado cepas distintas do novo coronavírus na Europa, o que significa que houve mutação no DNA do vírus, era possível concluir que o causador da doença estava presente no Velho Mundo há muito mais tempo do que se imagina. Situação que explica a quantidade de mortos pela doença pela Covid-19 – 3.405 mortos até esta quinta-feira, 19 de março – e mais de 41 mil pessoas infectadas.

O nosso papel como jornalistas não é causar pânico, mas mostrar à opinião pública o descaso das autoridades diante de situação graves, como a que enfrenta o País neste momento. Alguns veículos de comunicação têm elogiado a postura do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, por tratar com transparência a crise da Covid-19, mas é importante ressaltar que nem tudo que acontece nos bastidores do novo coronavírus é informado à população.

Não estamos a defender o alarmismo, mas, sim a adoção de uma postura ética e cristalina, para que as consequências sejam amenizadas, caso ainda seja possível. A propagação do novo coronavírus se dá de maneira veloz e em progressão aritmética, alguns dizem que isso acontece em escala exponencial, mas a preocupação deste noticioso é com o iminente colapso do sistema de saúde, seja público ou privado.

 
Nos últimos dias, circularam nas redes sociais, mais precisamente em grupos de WhatsApp, áudios de conversas entre pessoas que supostamente integram os corpos diretivos de planos privados de saúde. Nesses diálogos, cuja autenticidade não confirmamos por causa de alguns detalhes discrepantes, há também informações que não fogem à realidade. A situação do novo coronavírus no Brasil é muito mais grave do que vem sendo anunciada pelas autoridades. Diante desse quadro, a população precisa permanecer em isolamento, mesmo que as autoridades assim não determinem, pois os elementos apontam na direção de um desfecho trágico.

Por razões compreensíveis os planos de saúde citados nessas conversas se apressaram em negar a autenticidade das gravações, até porque se confirmassem estariam assinando uma “sentença de morte”, mas os próximos dias servirão para confirmar se o conteúdo dos áudios tem algum fundo de verdade.

Independentemente desse episódio, nossa preocupação encontra respaldo em declaração do presidente do Hospital Albert Einstein, Sidney Klajner, que entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo” disse que para cada caso diagnosticado do novo coronavírus há pelo menos 15 outros não rastreados e sem diagnóstico. E nesse cenário que concentra-se o ponto de explosão da doença, situação para a qual temos alertado há algum tempo.

“É importante se conscientizar de que a única forma de a gente mitigar o impacto dessa epidemia é não disseminar o vírus, permanecer em casa, porque o quadro é grave”, disse Klajner, que é médico-cirurgião.

Se por um lado Sidney Klajner está corretíssimo em ressaltar a subnotificação de casos do novo coronavírus, por outro há inúmeros casos de pessoas que contraíram a Covid-19 e por dificuldade de atendimento na rede pública de saúde passaram buscaram tratamento na farmácia. A questão não é colocar em xeque a competência do farmacêutico, mas diagnóstico e prescrição de medicamentos são de responsabilidade do médico. Além disso, o uso de um medicamento inadequado pode mascarar uma doença grave e contaminar um número maior de pessoas.

Enquanto isso, o ministro Luiz Henrique Mandetta, da Saúde, e seus auxiliares concedem entrevistas coletivas diárias, em que apresentam balanços atualizados (sic) do novo coronavírus no País, mas na verdade despejam sobre os jornalistas e a população informações e gazetas que servem para nada e não resolvem o problema. Alguém acredita que há no Brasil apenas 621 casos confirmados de Covid-19? Até quando o brasileiro vai suportar essa farsa?