BNDES anuncia pacote de R$ 55 bi estimular economia, mas benefício não chegará ao pequeno empresário

 
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou no início da tarde deste domingo (22) um pacote de medidas no montante de R$ 55 bilhões. O objetivo da medida é auxiliar as empresas a gerarem caixa e consequentemente manter mais de dois milhões de empregos.

O valor anunciado é 91% do volume de recursos desembolsados em 2019 pelo banco de fomento, que ficou na casa de R$ 60 bilhões. Nas últimas semanas, o Ministério da Economia já havia anunciado medidas que significaram a injeção de R$ 179,6 bilhões. Bancos públicos e privados decidiram adiar o pagamento de dívidas, ao mesmo tempo em que anunciaram corte e redução nas taxas de juros em algumas linhas, após a decisão do Banco Central de reduzir a taxa Selic.

De acordo com o BNDES, entre as medidas emergenciais estão a transferência de R$ 20 bilhões do Fundo PIS-PASEP para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), cujo objetivo é permitir ao trabalhador o saque parcial dos recursos. Além disso, houve a suspensão por até seis meses para o pagamento de parcelas de financiamentos diretos e indiretos para empresas no valor de R$ 30 bilhões. As pequenas e médias empresas (as PMEs) terão, através de bancos parceiros, ampliação em linhas de crédito no valor de R$ 5 bilhões.

O BNDES informou que os pedidos de suspensão de empréstimos por até seis meses devem ser encaminhados ao banco de fomento. No caso das operações indiretas, a suspensão deverá ser negociada com o agente financeiro que concedeu o financiamento. O prazo total da operação financeira será mantido e não haverá a incidência de juro de mora durante o período de suspensão. Serão atendidos com a ação setores como o de petróleo, infraestrutura, saúde, indústria e comércio. Dos R$ 30 bilhões, R$ 19 bilhões são de operações diretas e R$ 11 bilhões em indiretas.

 
“As medidas são de extrema importância. São medidas iniciais e fazem jus ao S de social”, disse Jair Bolsonaro, que participou de transmissão ao vivo feita pelo presidente do BNDES, Gustavo Montezano.

“Essas medidas nos dão tranquilidade que novas medidas virão. E daremos uma resposta a esse mal que nos aflige agora. O coronavírus é uma coisa preocupante sim. Estamos focados nessa questão. Tenho certeza que essas medidas virão no sentido da manutenção de empregos, que é uma coisa importante”, completou o presidente da República.

O anúncio desse pacote de medidas não passa de mais uma cortina de fumaça do governo Bolsonaro, que perdeu o “timing” para entrar em ação contra o novo coronavírus. Enquanto o presidente da República ocupava a cena política nacional com declarações estapafúrdias, muitas delas que sequer cabem no scritp do mais mambembe dos humoristas, a pandemia ultrapassava fronteiras e chegava ao Brasil

A grande questão em termos econômicos é que essas medidas não chegarão ao pequeno empresário com a facilidade com que é anunciada. Vale ressaltar que nesse segmento da economia estão concentradas a maior parte da força de trabalho do País e a principal fonte de geração de recursos. Ou seja, o governo de Jair Bolsonaro continua agindo para privilegiar as elites, que no momento de crise fará de tudo para se beneficiar de algo que deveria ser priorizado aos menos aquinhoados. Enfim, há quem diga que Bolsonaro é o melhor presidente de todos os tempos. Imagine, caro leitor, se fosse o pior deles.