Jair Bananão, Eduardo Bananinha ou Beato Salu: qual dos três é mais idiota?

(*) Ucho Haddad

Há muito afirmo que Jair Bolsonaro é desprovido de competência e estofo para estar presidente da República. Suas patacoadas e declarações delirantes não deixam dúvidas a respeito do assunto. Não é de hoje que afirmo ser este governo um ajuntamento de delinquentes intelectuais e oportunistas, preservadas as raríssimas e honrosas exceções. E não há como alguém incompetente e anoréxico em termos de inteligência formar uma equipe de governo razoável ou perto disso.

Alguém há de dizer que pelo menos o governo não pode ser chamado de corrupto, mas engana-se redondamente quem pensa assim. Não faz muito tempo, “toquei na ferida” da corrupção do governo que aí está e os malandros de plantão entraram em desespero. A cúpula palaciana tem conhecimento do que acontece nos subterrâneos do poder, mas cala-se e endossa o ilícito pois é preciso garantir que o presidente permaneça por mais algum tempo no cargo. Que me aguardem, pois votarei à carga, a exemplo do que fiz nos governos anteriores, sem dó nem piedade. Até porque, corrupto é corrupto, não importando a cangalha ideológica.

Alguém há de dizer que sou comunista e por isso critico o atual presidente da República sem direito a refresco ou trégua. Que esses órfãos de argumentos sigam o caminho do inferno, pois de gente hipócrita estou cansado. Isso mesmo, que tomem o caminho que leva ao encontro de lúcifer, pois certamente será grande a empatia nos diabólicos domínios. Dirão também que se descontente estiver devo ir para Cuba ou Venezuela, mas lembro que se há no planeta alguém que gosta das benesses do capitalismo, sem perder a ternura jamais, esse sou eu.

Sem cabedal para assumir o comando de uma casa de alterne, Jair Bolsonaro está a anos-luz de ser um líder político, mas acredita que é capaz disso apenas porque vocifera sandices – o que o transforma em um apasquinado –, defende a truculência, homenageia torturadores e ditadores e presta continência até para a própria sombra. Em suma, é um oligofrênico com todas as letras.

Enquanto perdia o bonde da pandemia do novo coronavírus, que já deixou pelo caminho mais de 13 mil mortos em todo o planeta, Bolsonaro despejava sobre os brasileiros teorias absurdas. Algumas confirmavam a bestialidade do seu pensamento, outras tentavam transformá-lo em super-herói de camelô, de republiqueta bananeira. Primeiro comparou o novo coronavírus à gravidez, depois afirmou que uma “gripezinha” não será capaz de derrubá-lo. Que tipo de governante é esse que recorre à imbecilidade para estar em evidência? Apenas pelo fato de que sua patuleia o aplaude e incensa? Dizia meu saudoso pai: “Quando o sujeito é burro, peça a Deus que o mate, ao diabo, que o carregue o quanto antes”.

Com o coronavírus matando aqui e acolá e devorando o calendário com celeridade, Bolsonaro percebeu a necessidade de buscar um culpado para o caos, ao mesmo tempo em que necessitava com urgência de uma cortina de fumaça para tentar abafar o som dos panelaços Brasil afora que pedem sua saída do Palácio do Planalto. Movimento que entoa mantras como “Fora Bolsonaro”, “Fora miliciano” e “Bolsonaro Acabou”, entrou tantos outros que avançam sobre a seara chula.

Foi então que surgiu em cena Eduardo Bolsonaro, o energúmeno “03”, o fritador de hambúrguer que só não foi alçado ao posto de embaixador porque a classe política brasileira poupou o País de um monumental vexame. O filho do presidente da República, do alto da sua conhecida idiotice, usou uma rede social para acusar a China de ser responsável por espalhar o novo coronavírus pelo planeta. Para quem até recentemente sonhava com o mais alto cargo da diplomacia verde-loura no exterior, atacar o principal parceiro comercial do País é demonstração de devastador despreparo, quiçá de cretinice.

É um direito do “03” discordar do regime comunista de Pequim, mas usar landuás para fazer prevalecer sua ideologia tosca e rasa, colocando a economia nacional à beira do precipício, é demais. A primeira providência foi dar ao vice Hamilton Mourão a incumbência de despejar água na fervura. O general reformado ziguezagueou ao máximo para desautorizar o filho do presidente, sem ferir o “papito”, mas acabou chamando o “03” de Eduardo Bananinha.

Com os “memes” correndo à vontade e sem saber como se defender da dura resposta do embaixador chinês no Brasil, Eduardo Bolsonaro recorreu ao pai, que por sua vez acionou o chefe do Itamaraty, Ernesto Araújo, o príncipe da sabujice.

Em vez de acalmar os ânimos, Araújo – acertadamente apelidado de “Beato Salu” pelo historiador Marco Antonio Villa, em referência ao picaresco personagem da novela Roque Santeiro – cumpriu ordens do presidente da República e colocou mais lenha numa fogueira que deveria ser contida às pressas. O Itamaraty divulgou nota repudiando a resposta do diplomata chinês ao ataque de Eduardo Bolsonaro e exigindo pedido de desculpas por parte de Pequim. Em outras palavras, o chanceler atuou com os fios trocados, pois o pedido de desculpas deveria ser do Brasil ao governo chinês.

Nessa ópera bufa em que se transformou o desgoverno de Jair Bolsonaro, que continua acreditando ser versão moderna e tropicalizada de Siloé (o enviado do Senhor), atacar o principal parceiro econômico parece algo que faz parte do script ideológico da canalha que tomou o poder central de assalto e está disposta a tudo para esgarçar o tecido democrático e sufocar o Estado de Direito. Não sem antes atuar como “moleque de recado” de um bufão chamado Donald Trump.

A China não é uma das maiores potências econômicas globais porque diante do tabuleiro internacional desconhece o jogo, pelo contrário. Xi Jinping, presidente chinês, que de tolo nada tem, já disse que seu país defenderá os próprios interesses no incidente diplomático provocado pelo estúpido “03”. E nessa queda de braços o Brasil tem muito a perder, pois a balança da dependência comercial pende muito mais para o lado dos brasileiros.

Se Jair Bolsonaro quer continuar sendo subserviente a Donald Trump, atacando a China para alegrar e bajular o inquilino da Casa Branca, que faça um curso intensivo durante a quarentena com o ditador norte-coreano Kim Jong-un. Afinal, ideologias à parte, o balofo comunista desempenha com invejável destreza o papel de “massa de manobra” da China e da Rússia contra Washington. E todas as vezes em que é acionado, Kim enche a burra, a ponto de custear os lançamentos de seus questionáveis foguetes balísticos e manter isolada a população norte-coreana.

Quando um presidente da República coloca a cúpula da máquina estatal para defender e blindar a própria família, está na hora de a população acordar para a realidade e reagir, mesmo que com atraso. É inaceitável o fato de Bolsonaro ter determinado ao chefe do Itamaraty para que saísse em defesa do “03”, um inconsequente que sequer deveria estar na política.

Para piorar, o presidente da República, em recente entrevista coletiva, disse que Brasil e China não têm problema algum. E que se necessário telefonaria para Xi Jinping com o intuito de encerrar a polêmica, que na opinião de Bolsonaro deve ser mais uma maledicência da imprensa. Não demorou muito para Jair Bolsonaro, diante do punhado de aduladores que se aglomeram diariamente na portaria do Palácio da Alvorada, afirmar que o entrevero com Pequim é “página virada”.

As absurdas declarações do presidente da República mostram seu despreparo para o cargo e o temor que representa deixar o futuro do País em suas mãos. Afirmar que a crise diplomática com a China já é “página virada” configura sandice, pois Xi Jinping sequer atendeu à sua chamada telefônica. Isso explica o desespero que toma conta do agronegócio brasileiro, que por causa dos desvarios do “03” já trabalha com a possibilidade de cancelamento de contratos por parte do gigante asiático.

O imbróglio diplomático com Pequim ainda está de pé, produzindo estragos nos bastidores e com chances de impor consequências pouco agradáveis aos brasileiros, em especial no campo das relações comerciais. Considerando que o planeta puxou o freio de mão, é difícil imaginar que, vencida a crise do novo coronavírus, alguma nação fará beicinho para vender produtos a uma potência como a China, que em termos político-ideológicos é comunista, mas economicamente é um troglodita capitalista.

Sendo assim, resta uma pergunta. Qual dos três é o mais idiota: Jair Bananão, Eduardo Bananinha ou Beato Salu?

(*) Ucho Haddad é jornalista político e investigativo, analista e comentarista político, escritor, poeta, palestrante e fotógrafo por devoção.

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