Incompetência obriga Bolsonaro a revogar trecho de MP que apunhalava o trabalhador brasileiro

 
Quando ainda estava na corrida ao Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro disse, ao final de um dos debates entre presidenciáveis, ser ele o único candidato capaz de solucionar todos os problemas do País. Na ocasião, o UCHO.INFO, sem medo de errar, afirmou que nenhum candidato tinha condições de fazer qualquer promessa nesse sentido, muito menos Bolsonaro, que ao longo de trajetória parlamentar de quase três décadas mostrou-se um verdadeiro fiasco.

Eleito, Bolsonaro não fugiu ao nosso prognóstico e foi obrigado a recorrer ao populismo tosco e barato para alegrar a súcia de apoiadores, cada vez mais radical e intolerante. Sem saber como governar, o presidente foi ao longo dos últimos quinze meses adotando medidas tão cosméticas quanto inócuas, pois era necessário “mostrar serviço” para evitar o desmoronamento precoce de um governo que até o momento não mostrou a que veio. E foi no campo da radicalização e do revanchismo ideológico que isso aconteceu e continua acontecendo.

Perdido em meio a escalada da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, Bolsonaro tenta sair das cordas atacando quem adota medidas na tentativa de blindar a população contra um desconhecido que já causou mais de 13 mil mortes ao redor do planeta e mandou mais de 300 mil pessoas aos hospitais com sintomas que nem de longe se assemelham aos de uma “gripezinha”.

Comprometido desde a campanha com o empresariado, ou seja, a classe dominante, Bolsonaro não pensa duas vezes antes de dar as costas ao trabalhador e aos mais pobres e vulneráveis. E foi exatamente isso que aconteceu nas primeiras horas desta segunda-feira (23), quando o governo editou uma medida provisória que permite às empresas suspender contratos de trabalho por quatro meses, sem pagamento de salários, como forma de enfrentar a crise causada pelo coronavírus.

 
Esse tipo de medida atende aos interesses dos empresários e empurra ainda mais o trabalhador no fosso do desemparo. Para quem jamais trabalhou nos últimos 30 anos e arremessou a família na seara política, com direito a funcionários-fantasmas e outros malabarismos criminosos, adotar essa medida covarde foi fácil.

Contudo, a MP editada pelo Palácio do Planalto não demorou muito para ser alvo de pesadas de contundentes críticas. Temendo uma reação ainda pior da opinião pública, que poderia ensurdecer o País com o recrudescimento dos panelaços, o presidente da República anunciou a revogação do trecho da medida provisória que permitia a suspensão dos contratos de trabalho e do pagamento de salários por quatro meses. Esse recuo não é novidade para um governo que é desmentido de forma corriqueira, quase que diária.

Jair Bolsonaro tem um sério problema no âmbito da inteligência cognitiva e precisa urgentemente ser avaliado por uma junta médica, como sugeriu o renomado jurista Miguel Reale Júnior, pois é inconcebível alguém que chama de “exterminadores de empregos” os governadores que determinaram quarentena nos estados editar MP autorizando uma barbaridade como a que acabou forçosamente vetada.

Bolsonaro é o pior presidente da República da história do País e já passou da hora de a parcela pensante da sociedade exigir sua saída, antes que o pior aconteça. A democracia vem sendo açoitada diuturnamente, enquanto o Estado de Direito é ameaçado sem qualquer cerimônia, apenas porque em marcha está um projeto ideológico que visa levar o País às trevas do retrocesso e do obscurantismo.