Acredite, aqui há boas notícias

(*) Carlos Brickmann

Boas notícias? Até mais: algumas notícias serão ótimas. Outras ainda dependem de mais estudos, mas o caminho é bom. Abaixo o coronavírus!

* A China fechou o último hospital de coronavírus em Wuhan, o berço da epidemia. Não há novos casos suficientes para justificar um hospital.

* A França estuda o uso de hidroxicloroquina, remédio usado desde 1940 para malária e artrite reumatoide. Um grupo recebeu só o medicamento; outro, a hidroxicloroquina associada a um antibiótico, azitromicina; o terceiro, tratamento convencional. A hidroxicloroquina reduziu bem a carga de vírus; associada à azitromicina, curou 70% dos doentes em seis dias. O grupo que foi tratado convencionalmente teve 12,5% de curas. O sucesso estimulou o presidente americano Donald Trump, que quer acelerar a aprovação de seu uso, mas a FDA, que cuida de medicamentos, pede mais testes clínicos. Trump já chegou a proclamar o sucesso do tratamento na TV americana.

* Na Índia, bons resultados no tratamento com Lopinavir, Oseltamivir e Retonovir associados à Clorfenamina. Os indianos sugerem à Organização Mundial da Saúde o uso internacional dessa combinação de medicamentos.

* A China relata o caso de uma senhora de 103 anos que se curou após um tratamento de seis dias em Wuhan.

Há pesquisas bem encaminhadas no Brasil, Estados Unidos, Alemanha e Israel. Diz a OMS que 41 grupos tentam criar vacinas contra o coronavírus.

Otimismo

A Apple, empresa com maior valor de mercado do mundo, reabriu suas 42 lojas na China. Hoje, há menos doentes na China do que na Itália.

Enfim!

A Cleveland Clinic americana criou um teste que dá resposta em horas, não em dias. O teste deve estar no Brasil em pouco tempo.

O próximo passo

Mesmo que novos remédios cheguem logo ao mercado e o coronavírus seja esquecido, a pandemia já desorganizou a economia do país. Empresas pararam de funcionar e faturar e continuam a pagar aluguel, impostos, juros, contribuições, taxas. Se reabrirem nesta semana, mesmo assim terão a sobrecarga do período triste.

A Associação Comercial de São Paulo, que apoiou o fechamento do comércio, pede que as autoridades estejam à altura do momento. “É importante a mobilização das esferas governamentais na redução dos riscos ocasionados pela pandemia”, diz o presidente da entidade, Alfredo Cotait Neto. “São necessárias medidas rápidas para que os empresários possam adiar o pagamento de impostos. As empresas podem não aguentar uma paralisação tão longa”.

Imagine uma empresa aérea: paga o aluguel dos aviões, os salários, e teve de cortar vários países para onde voava. Paga também aluguel (e alto) para deixar os aviões parados nos aeroportos. Se as empresas fecharem, quem irá contratar funcionários?

Impeachment a la carte

Não se preocupe com o pedido de impeachment que o deputado federal Alexandre Frota apresentou ao Congresso. Foi feito às pressas, não com o objetivo de derrubar o presidente Bolsonaro: sua função é outra, de estar à disposição para, se necessário, ser tirado das gavetas e votado.

Impeachment precisa ter elementos jurídicos que o amparem, mas só sai se houver força política por trás. Neste momento, embora já existam adversários que querem ver Bolsonaro pelas costas, não há qualquer possibilidade de afastá-lo. Isso pode mudar – os panelaços já mostram que há oposição fora do PT e partidos satélites. Mas os próprios panelaços estão longe daqueles contra Dilma.

Panelaço

Há gente bloqueada em casa, preocupada com o emprego, as contas, tudo; com medo do coronavírus; cansada do computador e da TV. Vem então um panelaço contra Bolsonaro: por que não? No mínimo rompe a monotonia. Mas é importante lembrar que alguém favorável ao presidente não irá bater panelas contra ele. Quem bate panelas está irritado também com ele. E pode despertar, dentro do bolsonarismo, alguém que se julgue apto a substituí-lo. Já não existe quem queira Sérgio Moro candidato, em vez de Bolsonaro?

É isso aí

Cinco deputados federais tomaram uma bela iniciativa: propuseram um projeto de lei (o PL646/2020) autorizando o uso de parte dos R$ 2 bilhões de dinheiro público destinados a pagar a campanha eleitoral no combate ao coronavírus. O projeto autoriza o uso de recursos do Fundo Partidário para o mesmo objetivo.

É ótimo – até para evitar que o caro leitor não apenas pague a campanha de gente mais rica do que ele como financie a eleição de pessoas com pensamento e comportamento contrários aos seus. Os parlamentares que tiveram a boa iniciativa são Felipe Rigoni (PSB), Vinícius Poit (Novo), João Henrique Caldas (PSB), Paulo Ganime (Novo), Rodrigo Coelho (PSB). Guarde esses nomes: só por apresentar este projeto, já merecem ser votados.

(*) Carlos Brickmann é jornalista e consultor de comunicação. Diretor da Brickmann & Associados, foi colunista, editor-chefe e editor responsável da Folha da Tarde; diretor de telejornalismo da Rede Bandeirantes; repórter especial, editor de Economia, editor de Internacional da Folha de S. Paulo; secretário de Redação e editor da Revista Visão; repórter especial, editor de Internacional, de Política e de Nacional do Jornal da Tarde.

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