“Tira, porque eu estou apanhando muito”, disse Bolsonaro a Paulo Guedes sobre ponto polêmico de MP

 
Jair Messias Bolsonaro é o pior presidente da República da história do País. Reiteramos afirmação feita em matéria anterior, apesar da discordância elegante e civilizada de alguns leitores, algo que não ocorre na seara bolsonarista, sempre colérica e pronta para reações covardes e truculentas.

Não merece crédito algum o governante que ignora os trabalhadores e os desvalidos porque esse tipo de preocupação embala a pauta da esquerda. Não merece crédito um governante que por questões ideológicas ignora o óbvio enquanto vocifera frases feitas supostamente democráticas e que anestesiam a opinião pública. Não merece crédito nem respeito o governante que ignora as questões básicas necessárias para decidir o futuro de uma nação.

Quando a Medida Provisória nº 927, que cria regras trabalhistas temporárias para enfrentar a crise do novo coronavírus e permitia a suspensão dos contratos de trabalho e do pagamento dos salários por quatro meses, passou a ser alvo de críticas das mais variadas fontes, o presidente da República não precisou muito tempo para anunciar que estava revogado o artigo (18) da MP que causou enorme polêmica.

Para esconder um festival de incompetência, embalado pela sinfonia da insensibilidade, o governo tratou de divulgar a informação de que tudo não passou de erro de um integrante da equipe econômica, que tropeçou no momento de redigir a MP. Segundo fontes do governo, que trataram de espalhar a falsa informação, o secretário de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco, esquecera de acrescentar no texto do artigo 18 da MP trecho em que a administração federal arcaria com o pagamento de 25% do salário dos trabalhadores cujos contratos fossem suspensos.

Na verdade, o governo tinha ciência do conteúdo da MP no momento da publicação e não houve qualquer erro por parte de Bianco, ou seja, o ministro da Economia, Paulo Guedes, sabia desde a redação da Medida Provisória que o trabalhador ficaria na rua da amargura.

 
Com a repercussão negativa da MP, Bolsonaro não teve outra saída que não a de telefonar para o ministro da Economia e pedir para que o polemico trecho fosse retirado. De acordo com Paulo Guedes, o trecho da MP que trata da suspensão dos contratos de trabalho por quatro meses estava “mal redigido”. Foi o que afirmou o ministro em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”.

Na entrevista, Guedes revelou que o presidente da República, em conversa telefônica, disse: “Tira, porque eu estou apanhando muito. Vocês arredondam e depois mandam”. Ao Estadão, o ministro da Economia ressaltou que Bolsonaro fez o que era politicamente correto. Ou seja, o presidente não recuou por preocupação com os trabalhadores, mas por questões políticas.

Sobre o possível erro cometido por Bruno Bianco, o ministro acabou se irritando com a pergunta sobre o tema. “Vocês têm sempre esse negócio de passaram por cima. Não existe isso. O time é unido, é legal. É uma mente doentia. Vocês veem todo mundo brigando com todo mundo. É horrível isso. Não tem nada disso. Bianco é um cara doce”, disse Guedes.

É importante ressaltar que ninguém quer saber se Bianco é ou não um “cara doce”, até porque sua obrigação é cumprir o que lhe cabe, mas quem espalhou a notícia de que ele era responsável pelo imbróglio foi o próprio governo Bolsonaro. Como o presidente da República tem enorme dificuldade para admitir os próprios erros, até porque continua acreditando ser o último dos gênios, encontrar um culpado tornou-se algo comum nesse desgoverno.

Considerando que dois terços da população recebem menos de dois salários mínimos por mês e em meio à crise do novo coronavírus o temor de Bolsonaro é com o ritmo da economia, apunhalar o trabalhador pelas costas apenas para agradar o empresariado é ato de covardia explícita. Se o governo que aí está fosse minimamente competente, adotaria medidas semelhantes que outros países estão adotando para estimular a economia e proteger o trabalhador.