Bolsonaro esvazia protagonismo de Mandetta e centraliza “guerra” contra o coronavírus na Casa Civil

 
Como vem afirmando o UCHO.INFO nos últimos dias, o presidente Jair Bolsonaro está preocupado apenas com seu projeto de reeleição, sendo que a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus recebe por parte do chefe do Executivo tratamento dentro dos limites protocolares, pois representa considerável entrave aos seus planos políticos.

Esse cenário é facilmente comprovado pela forma como o presidente refere-se à epidemia e por sua constante irritação com a atuação do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que vem liderando as ações contra o vírus causador da Covid-19, apesar de mascarar informações sobre o surto.

Bolsonaro tem insistido com o ministro da Saúde para que o discurso no âmbito do novo coronavírus tenha viés político, mas Mandetta resiste às investidas presidenciais. Mesmo assim, o titular da Saúde vez por outra dá rápidas e ligeiras pinceladas políticas em seus depoimentos e entrevistas coletivas, apesar de camuflar algumas informações sobre o surto.

O desconforto é tamanho, que Jair Bolsonaro decidiu transferir o comando da “guerra” contra o novo coronavírus para a Casa Civil. Na segunda-feira (23), durante reunião virtual com governadores das regiões Norte e Nordeste, o presidente comunicou que o general Walter Braga Netto, chefe da Casa Civil, coordenará e centralizará todas as ações de combate à pandemia.

 
O protagonismo de Mandetta vinha incomodando o presidente da República e chegou ao ápice quando o ministro concedeu entrevista ao lado do governador de São Paulo, João Dória Júnior, eventual adversário de Bolsonaro na corrida presidencial de 2022. Ou seja, o presidente está preocupado apenas e tão somente com seus interesses, não com a saúde da população.

Bolsonaro sabe que o derretimento da economia brasileira na esteira da pandemia manda pelos ares seu projeto de concorrer à reeleição, pois dificuldades econômicas interferem direta e pesadamente na decisão do eleitor no momento do voto.

Sem até o momento ter adotado alguma medida em favor do trabalhador e dos mais pobres, mesmo que para aliviar a penúria, Bolsonaro agora surge em cena como se o futuro dos desvalidos à sombra da pandemia lhe tirasse o sono. Tanto não é assim, que a Medida Provisória nº 927 previa a suspensão de contratos de trabalho e pagamento de salários por até quatro meses. Uma apunhalada nas costas do trabalhador, que não teria como sobreviver nesse período.

O presidente e a equipe econômica comandada por Paulo Guedes alegaram que o objetivo da MP era preservar as empresas e consequentemente os empregos. O que não é verdade. O governo tem compromisso com o empresariado, como vem alertando o UCHO.INFO há mais de quinze meses. Basta verificar as medidas que foram adotadas ou sequer foram cogitadas para beneficiar o setor.