Em pronunciamento marcado pela delinquência intelectual, Bolsonaro trata o coronavírus com zombaria

 
Quando o UCHO.INFO afirmou em matéria anterior que a oligofrenia de Jair Bolsonaro ultrapassou os limites do suportável e precisa ser analisada com urgência, seus coléricos apoiadores se insurgiram contra este portal com palavras de ordem, frases feitas e insultos de todos os naipes, o que tornou-se comum nesse cenário de afronta ao bom-senso dos cidadãos, de ameaça à democracia e de seguidos ataques ao Estado de Direito.

O comprometimento da inteligência cognitiva de Bolsonaro ficou patente no pronunciamento que ele fez à nação, na noite desta terça-feira (24), para mais uma vez debochar das medidas adotadas por governadores e prefeitos para conter o avanço do coronavírus e minimizar uma pandemia que já infectou mais de 400 mil pessoas e deixou mais de 18 mil mortos em todo o planeta, até o momento.

No pronunciamento que teve contornos circenses, Bolsonaro atacou governadores e prefeitos, criticou novamente a imprensa e cobrou o fim do confinamento da população e a volta das atividades econômicas. Muito pior do que o poder de letalidade da Covid-19 é a delinquência intelectual do presidente da República, que não mede palavras nem esforços para impor suas vontades, no melhor estilo aprendiz de tiranete.

“Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transportes, o fechamento de comércio e o confinamento em massa. O que se passa no mundo tem mostrado que o grupo de risco é o das pessoas acima de 60 anos. Então, por que fechar escolas?”, questionou Bolsonaro, que continua acreditando ser o último gênio da raça.

Jair Bolsonaro, que tem inequívoca dificuldade para ler o discurso que algum assessor apasquinado redigiu sob encomenda e seguindo a cartilha que sorve a ignorância da extrema direita, tentou passar à parcela desavisada da população a falsa ideia de que é invencível e o maior de todos. Disse que seu histórico como atleta faria com que contraísse no máximo uma “gripezinha” ou um “resfriadinho”.

“No meu caso particular, com meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar. Nada sentiria ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho, como bem disse aquele conhecido médico daquela conhecida televisão”, disse o presidente, em referência a um antigo vídeo do médico Drauzio Varella.

 
Como se fosse especialista em epidemiologia ou infectologia, Bolsonaro afirmou no discurso que o coronavírus “brevemente passará” e que “a vida tem que continuar”. O presidente tem o direito à livre manifestação do pensamento, inclusive para vociferar estultices, mas o novo coronavírus veio para ficar.

“O vírus chegou. Está sendo enfrentado por nós e brevemente passará. Nossa vida tem que continuar. Os empregos devem ser mantidos. O sustento das famílias deve ser preservado. Devemos, sim, voltar à normalidade”, afirmou o presidente.

Não bastasse a ópera bufa em que se transformou o pronunciamento, Jair Bolsonaro fez uma análise técnica da pandemia do novo coronavírus ao dizer que são “raros” os casos de vítimas fatais entre pessoas com menos de 40 anos “sãs”.

“Raros são os casos fatais de pessoas sãs com menos de 40 anos de idade. Noventa por cento de nós não teremos qualquer manifestação caso se contamine. Devemos sim é ter extrema preocupação em não transmitir o vírus para os outros, em especial aos nossos queridos pais e avós”, declarou.

No afã de conter as notícias sobre seu inegável incomodo com o protagonismo do ministro da Saúde, o presidente elogiou Luiz Henrique Mandetta, afirmando que ele faz “excelente trabalho de esclarecimento e preparação do SUS”. De acordo com Bolsonaro, desde que brasileiros foram resgatados da China, no início de fevereiro, surgiu um “sinal amarelo”, mas o governo se preparou desde então, com uma estratégia “para salvar vidas e evitar o desemprego em massa”.

Não obstante o fato de ser desprovido de inteligência, Bolsonaro foi acometido pelo vírus da mitomania. Afirmar que o governo se preparou de forma estratégica, desde o início de fevereiro, “para salvar vidas e evitar o desemprego em massa” é mentir de forma descontrolada e não se envergonhar disso. No final de janeiro, o próprio Bolsonaro disse que o Brasil não tinha condições e estrutura para recepcionar em regime de quarentena os brasileiros que viviam na China.

Além disso, não houve até agora por parte do governo qualquer ação de planejamento para o combate ao novo coronavírus. Tudo o que vem sendo falado pelos integrantes da cúpula do Ministério da Saúde está a anos-luz da realidade. Considerando que para cada caso de coronavírus diagnosticado há outros quinze sem diagnóstico, o cenário é de “terra arrasada”, goste ou não o presidente da República, que deve se preparar para dias ainda piores.