Coronavírus: ao confrontar o planeta com ignorância, Bolsonaro agrada eleitores e tenta fazer-se de vítima

 
A estupidez de Jair Bolsonaro é velha conhecida daqueles que sempre acompanharam os bastidores do Parlamento nacional, onde o atual presidente da República sempre foi uma figura menor e sem qualquer expressão, dependente da polêmica e de declarações absurdas como forma de sobrevivência no meio.

No cenário da pandemia do novo coronavírus, Bolsonaro ficou isolado não apenas n Brasil, mas em todo o planeta, já que todos os chefes de Estado e de governo foram obrigados a jogar a toalha diante de um inimigo desconhecido e implacável. O presidente, que continua preocupado com a reeleição, insiste em apostar na ilógica para estar em evidência, como se essa fosse a melhor fórmula para salvar o País dos efeitos colaterais da pandemia.

Enfrentando oscilações psíquicas graves e perigosas, o que coloca os destinos da nação à beira do precipício de maneira recorrente, Bolsonaro, orientado pela família e pelo chamado “gabinete do ódio”, optou por um caminho sem volta: o de contrariar a ciência, o bom-sedo, a democracia e o Estado de Direito. Essa escolha é uma bomba-relógio armada e prestes a explodir.

Caso voltasse atrás em relação ao novo coronavírus, como fez o presidente dos Estados Unidos, que mudou de opinião radicalmente, Bolsonaro estaria decretando o próprio fim como político e, acima de tudo, como presidente da República, mesmo que à base de muito esforço conseguisse concluir o mandato.

Em todos os Poderes constituídos crescem as frentes de resistência a Jair Bolsonaro por causa das suas atitudes e declarações acerca da pandemia, o que pode levar a um cenário político favorável ao impeachment, como já noticiou o UCHO.INFO. Até mesmo bolsonaristas de primeira hora começam a mostrar-se arrependidos pelo apoio ao atual chefe do Executivo, tamanha é sua irresponsabilidade no cargo.

Se um pedido de impeachment necessita de clima político para prosperar no Congresso, algo que já está em formação, o País dá os primeiros sinais consistentes de inquietação com a presença de Bolsonaro na Presidência. E na cena do cotidiano o impeachment cedeu espaço à renúncia, algo que o UCHO.INFO há algumas semanas vem abordando como saída para impedir a ruptura democrática. Esse tema ganha corpo não apenas nos bastidores do poder, mas entre lideranças políticas que podem inflamar a sociedade.

 
Ao persistir na política do enfrentamento para fazer a alegria do bando que o apoia a partir do sofá da sala, o presidente não mede consequências para, defendendo a tese de manutenção da atividade econômica, salvar o próprio mandato, ignorando milhares de vidas que poderão tombar pelo caminho à sombra de sua devastadora e criminosa irresponsabilidade.

Os bolsonaristas mais aguerridos – míopes em termos políticos – afirmam que ninguém conseguirá derrubar Jair Bolsonaro, que para ser ejetado do cargo não precisa de ajuda de terceiros, já que sua parvoíce é suficiente nessa empreitada.

Há de se considerar que antes de o novo coronavírus alcançar o status de pandemia e fazer estragos planeta afora, a economia brasileira cambaleava de maneira a preocupar a população como um todo, exceto os que vivem da especulação financeira. Portanto, que ninguém surja em cena com ares de Aladim, pois será devidamente rebatido.

Não faz muito tempo, o ministro Paulo Guedes afirmou: “Nós estávamos em pleno voo, começando a decolar, quando fomos atingidos por essa onda”. Guedes tem o direito de mentir e de delirar, mas afirmar que a economia do País estava em “pleno voo” é querer enganar a si próprio, já que a população continuava enxergando o avião empacado na pista do aeroporto.

No furacão em que se transformou a pandemia do novo coronavírus, é desumano levar adiante um palavrório em que os maiores de 60 anos são tratados como descartáveis. E é exatamente isso que vem fazendo o presidente da República nos últimos dias.

Que o ser humano é finito todos sabem, mas Bolsonaro não foi eleito coveiro-geral da República. Que mortes ocorrerão na esteira do coronavírus todos sabem, mas é dever do Estado tentar minimizá-las ao máximo, mesmo que seja necessário sacrificar a economia. Que o coronavírus produzirá estragos consideráveis e desconhecidos na atividade econômica do planeta todos sabem, mas melhor ecomecar com o maior número possível de vivos, porque mortos não consomem nem produzem.

Bolsonaro dá sinais claros de que deseja “descer do bonde”, até porque sabe que o horizonte será extremamente sombrio por pelo menos três anos. Por isso adota discurso emoldurado pelo vitimismo de ocasião. Está torcendo para ser afastado do cargo, de um jeito ou de outro, mas prepara o terreno para sair como vítima e deixar o caminho livre para eventual retorno. Basta!