A esquizofrenia do governo de Jair Bolsonaro torna-se cada vez mais evidente à medida em que cresce a inquietação do presidente da República diante do avanço do novo coronavírus no País. Destilando diariamente sua ignorância ao defender o fim do isolamento social e incomodado com o protagonismo do ministro Luiz Henrique Mandetta, da Saúde, no combate ao vírus causador da Covid-19, Bolsonaro resolveu radicalizar para, de maneira ditatorial, passar à opinião pública a ideia de que o governo está unido em uma cruzada que o próprio presidente nega vez por outra.
O viés esquizofrênico o governo, em que pese o respeito que merecem todos os portadores desse distúrbio, fica evidente no momento em que acontecem as entrevistas coletivas para atualização do quadro do coronavírus no País. Há dias, em entrevista no Palácio do Planalto, o presidente da República e uma dezena de ministros apareceram diante dos jornalistas usando máscaras de proteção, protagonizando uma cena típica de filme de ficção científica.
Na sequência, integrantes do Ministério da Saúde e especialistas em epidemiologia e infectologia reforçaram a necessidade do isolamento social e da manutenção de distância de 1,5 metro em relação a outra pessoa no caso de sair às ruas, enquanto o presidente Bolsonaro passou a regurgitar discursos em defesa do fim imediato do resguardo da população como forma de não comprometer a atividade econômica.
Apesar de muitas pessoas fazerem previsões acerca do novo coronavírus e do estrago que vem sendo registrado em todo o planeta, pouco ou nada se sabe até agora sobre o vírus que colocou em isolamento mais de um terço da população global. Por conta dessas incertezas, fazer prognósticos é mera obra do “achismo”, algo que contribui para confundir ainda mais uma população que está criminosamente abandonada pelo Estado.
O que sabe sobre o novo coronavírus até o momento é que a velocidade de contágio é tão grande quanto o crescimento da curva que registra o número de contaminados e mortos em razão da doença. De tal modo, todo meio de prevenção é bem-vindo, desde que não exista disseminação de pânico em meio à sociedade. As últimas notícias mostram que o novo coronavírus não escolhe seus alvos e age independentemente de classe social, mas quando a pandemia chegar nas comunidades carentes, o estrago será devastador.
Causou espécie o fato de que na entrevista desta segunda-feira (30), já no formato ditatorial imposto por Bolsonaro, todos os participantes não respeitaram a distância mínima de 1,5 metro entre pessoas, recomendada por autoridades de saúde, e não usavam máscaras de proteção. Lembrando que o próprio Mandetta, durante a coletiva, afirmou: “No momento, a gente deve manter o máximo grau de distanciamento social”.
Além disso, alguns trocaram segredos ao pé do ouvido, como se o causador da Covid-19 fosse inofensivo. Considerando que Jair Bolsonaro manteve contato com pelo menos 24 infectados pelo novo coronavírus – todos membros da comitiva que viajou aos EUA – e de forma recorrente sai às ruas para dar vazão ao seu conhecido populismo barato, os participantes da entrevista desta segunda-feira mostraram ao País que são irresponsáveis.