Secretário-geral da ONU apela por proteção a mulheres durante isolamento devido à Covid-19

 
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, pediu para que os governos incluam medidas de proteção a mulheres contra violência doméstica entre seus planos de combate à pandemia da Covid-19, doença respiratória grave provocada pelo novo coronavírus.

“Sabemos que quarentenas e confinamentos são fundamentais para suprimir a Covid-19. Mas podem colocar muitas mulheres à mercê de parceiros abusadores”, diz o secretário-geral em vídeo divulgado em vários idiomas na segunda-feira (6).

“A violência não se limita a campos de batalha. Para muitas mulheres e meninas, a maior ameaça está precisamente naquele que deveria ser o mais seguro dos lugares: as suas próprias casas”, disse Guterres.

De acordo com o secretário-geral da ONU, nas últimas semanas viu-se “um crescimento horrível da violência doméstica a nível global”. “Em alguns países, duplicou o número de mulheres que telefonam para serviços de apoio.”

 
A Índia viu dobrar as estatísticas de violência doméstica na primeira semana de confinamento, segundo o Comitê Nacional para a Mulher do país. Na França, os casos cresceram em um terço na primeira semana de confinamento, de acordo com autoridades, enquanto a Austrália reportou alta de 75% em buscas na internet relacionadas ao apoio a vítimas de violência doméstica.

No Brasil, segundo dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH) divulgados na última semana, houve aumento de 8,5% no número de ligações e de 18% no número de denúncias de violência doméstica no “Ligue 180” no período entre 17 e 25 de março, em comparação à semana imediatamente anterior, com 3.303 ligações recebidas e 978 denúncias registradas.

Guterres também lembrou que os sistemas de saúde e a polícia estão sobrecarregados, e que grupos de apoio locais estão paralisados ou com poucos recursos. “Peço a todos os governos que façam da prevenção e reparação da violência contra as mulheres uma parte essencial de seus planos nacionais de resposta à Covid-19”, disse.

Isso significa, segundo o secretário-geral, aumentar o investimento em opções de apoio online às vítimas e em organizações da sociedade civil, assegurar que agressores compareçam perante a Justiça, instalar sistemas de alerta em farmácias e supermercados, considerar os abrigos para vítimas como serviços essenciais e garantir que mulheres possam procurar apoio sem alertar seus agressores.

No Brasil, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos anunciou na última semana o lançamento de um aplicativo para smartphones para denunciar violência doméstica. Batizado de Direitos Humanos Brasil, o aplicativo, que já está disponível para os sistemas Android e IOS, ampliando o alcance dos serviços “Disque 100” e “Ligue 180”. (Com agências de notícias)