Secom lança campanha para dar a Bolsonaro paternidade do auxílio emergencial, pago com dinheiro do povo

 
Jair Bolsonaro continua em busca da tábua de salvação que impeça o naufrágio do seu projeto de reeleição, desde já seriamente comprometido pelos efeitos colaterais da crise decorrente da pandemia do novo coronavírus. Enquanto não consegue vender o “milagre” da cloroquina, até porque não há comprovação científica da eficácia do medicamento no tratamento da Covid-19, o presidente tenta passar à opinião pública a falsa ideia de que está preocupado com os pobres e desvalidos, parcela da população que jamais mereceu sua atenção.

Nesse novo rompante de bom-mocismo de ocasião, que serve para alimentar a queda de braços com governadores e prefeitos, em especial os do Sul e do Sudeste, Bolsonaro ordenou à Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) a feitura e divulgação de campanha para informa aos brasileiros ser ele o “dono” do auxílio emergencial no valor de R$ 600 que será pago por três meses aos que se enquadram nas regras estabelecidas pelo governo.

“O auxílio emergencial de R$ 600 por pessoa não é de prefeituras nem governos estaduais. O auxílio emergencial é fornecido pelo governo federal, para a população, graças aos impostos pagos pela própria população”, destaca a campanha veiculada nas redes sociais pela Secom.

O próprio texto é uma armadilha contra o governo, onde sobram pessoas com dificuldades para lidar com a gramática e sequer sabem manusear o dicionário. Ora, se o auxílio emergencial é fruto dos impostos pagos pela população, ninguém é dono de coisa alguma.

 
Na verdade, o que o governo Bolsonaro está a fazer é devolver aos mais necessitados aquilo a que cada um tem direito em momento de penúria. O máximo que a Secom poderia ter feito no escopo da campanha é afirmar que o governo está apenas e tão atuando para garantir a chegada dos recursos a cada brasileiro, usando dinheiro que é do próprio povo.

Se Bolsonaro estivesse preocupado com as camadas mais pobres da população, já teria feito alvo para aliviar o calvário que cada um vem enfrentando nos últimos anos. Passados quinze meses, nada foi feito em prol do trabalhador e dos mais necessitados

Para que os abduzidos e os integrantes da milícia bolsonarista não cheguem ao êxtase, se a política econômica do governo Bolsonaro fosse eficaz, como gazeteia o presidente da República e o ministro Paulo Guedes, o Brasil não teria 14 milhões de famílias (42 milhões de pessoas) inscritas no programa Bolsa Família, 38 milhões de trabalhadores na informalidade e 13 milhões de desempregados, por enquanto.

Além disso, reforçando o fracasso da política econômica comandada por Guedes, mais de 26 milhões de brasileiros inscreveram-se para tentar receber o auxílio emergencial. Caso a economia brasileira tivesse “decolado” e estivesse em “pleno voo”, como afirmou recentemente o hilário Paulo Guedes, o tal “Posto Ipiranga”, esses brasileiros sequer estariam correndo atrás de R$ 600 em meio à pandemia do coronavírus.

Resumindo, Bolsonaro é na melhor das hipóteses dono de ignorância sem limites, de populismo barato e nauseante, de totalitarismo assustador, de messianismo de camelô, de capacidade para ser animador de auditório, nada além disso.