Bolsonaro viola regras durante visita em GO, provoca aglomeração e é criticado por Mandetta e Caiado

 
Ciente de que não tem como interferir nas decisões tomadas por governadores e prefeitos no tocante às medidas de combate ao novo coronavírus e diante dos avisos do Congresso nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF) de que qualquer ação que venha a colocar em risco a saúde da população será imediatamente derrubada, o presidente Jair Bolsonaro preferiu o caminho da zombaria para fazer prevalecer suas vontades.

Temendo o derretimento de seu projeto de reeleição, algo que cada vez mais torna-se evidente, Bolsonaro vem desrespeitando as orientações das autoridades de saúde de todo o planeta, inclusive da OMS, como forma de manter em marcha sua guerra política contra os governadores, em especial João Dória Júnior (SP) e Wilson Witzel (RJ), seus eventuais adversários na corrida presidencial de 2002. O plano consiste em manter coesa a descontrolada patuleia que o apoia, garantindo sua participação no segundo turno da próxima disputa presidencial, já que até lá o cenário econômico lhe será desfavorável.

Nos últimos dias, o presidente da República ignorou a necessidade do isolamento social e deixou o Palácio da Alvorada para seus costumeiros e populistas “passeios” por Brasília, onde visitou, na sexta-feira (10) o Hospital das Forças Armadas (HFA) e uma farmácia na região Sudoeste da capital dos brasileiros. Questionado pelos jornalistas sobre a vista ao HFA e a ida à drogaria, Bolsonaro, em mais uma incursão marcada pelo deboche, respondeu que foi realizar teste de gravidez. Na quinta-feira (9), o presidente foi a uma padaria no entorno de Brasília, onde tomou um café no local, desrespeitando as regras impostas pelo governo do Distrito Federal.

Neste sábado (11), Bolsonaro foi até Águas Lindas, cidade a 56 quilômetros da capital federal, para visitar a construção de um hospital de campanha que atenderá pacientes com Covid-19. Desrespeitando novamente as recomendações sanitárias, o presidente foi encontro dos apoiadores, que se aglomeraram para cumprimentá-lo e fotografá-lo. Sem máscara de proteção e usando um colete da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Bolsonaro cumprimentou os apoiadores e recebeu um beijo na mão.

 
No local do hospital de campanha estavam o ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e o governo de Goiás, Ronaldo Caiado, que não seguiram o presidente no momento de contato com os apoiadores. Bolsonaro foi acompanhado pelos ministros Luiz Eduardo Ramos e Tarcísio de Freitas, da Secretaria de Governo e da Infraestrutura, respectivamente.

Questionado sobre a atitude do presidente da República, Mandetta respondeu: “Posso recomendar, não posso viver a vida das pessoas. Pessoas que fazem uma atitude dessas hoje daqui a pouco vão ser as mesmas que vão estar lamentando”.

Perguntado sobre o episódio, Ronaldo Caiado também criticou a postura de Bolsonaro. “Ele que deverá explicar esta situação. Esta posição não foi a minha. Ele é o presidente e eu sou o governador. A minha posição foi a que vocês acompanharam. Esta é a posição que manteremos até o dia 19”, disse o governador goiano.

Mais cedo, a ONG Human Rights Watch (HRW) divulgou relatório em que acusa Bolsonaro de colocar os brasileiros em “grave perigo ao incitá-los a não seguir o distanciamento social” para conter o avanço da pandemia do novo coronavírus. No documento, a HRW afirma que o presidente da República “age de forma irresponsável disseminando informações equivocadas sobre a pandemia”.