Enquanto Bolsonaro insiste na política de enfrentamento, Senado retira da pauta MP do contrato Verde Amarelo

 
O presidente Jair Bolsonaro deveria se preocupar com a grave crise provocada pelo novo coronavírus no País, mas insiste em dar tratos ao seu projeto de reeleição, algo absurdo se considerado o fato que centenas de pessoas estão a morrer em meio à pandemia.

Não é novidade para os que acompanham o jornalismo do UCHO.INFO que Bolsonaro é um incompetente confesso que sempre dependeu do enfrentamento para se manter vivo na cena política nacional. Ao mudar-se do Congresso nacional para o Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro levou a tiracolo esse detalhe comportamental que representa uma constante ameaça à democracia.

Depois de travar covarde e rasteiro embate com o agora ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde), o presidente não precisou de muito para buscar um novo alvo e manter em marcha seu plano de vitimização, o qual permite que seu grupo de apoiadores mantenha-se insano e coeso. A “bola da vez” é Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, a quem Bolsonaro acusa de tramar um plano para derrubá-lo da Presidência.

Em entrevista à CNN Brasil, Bolsonaro classificou como “péssima a atuação de Maia e, recorrendo à teoria da conspiração, declarou: “Parece que a intenção é me tirar do governo. Quero crer que esteja equivocado”.

 
Jair Bolsonaro tem afirmado a parlamentares ter recebido um dossiê com informações de inteligência de que Rodrigo Maia, o governador João Dória Júnior (PSDB-SP) e o STF estariam arquitetando um plano para tirá-lo do governo. Sem apresentar provas ou até mesmo o tal dossiê, Bolsonaro deu início a conversas com líderes partidários para tentar salvar um governo fadado ao fracasso. Em outras palavras, o presidente cria factoides para inflamar a súcia de apoiadores e, ato contínuo, abrir caminho para a política do enfrentamento.

Enquanto Bolsonaro avança na seara do devaneio, sempre impulsionado pelos ideólogos palacianos e pelos integrantes do chamado “gabinete do ódio”, o Congresso Nacional, em clara demonstração de que não está disposto a se curvar diante do Palácio do Planalto, toma decisões que colocam o governo em situação de dificuldade.

A primeira resposta dura do Parlamento foi a retirada de pauta, no Senado, da Medida Provisória do contrato “Verde Amarelo”, que beneficia empresas com redução de impostos na contratação de jovens de 18 a 29 anos e pessoas acima de 55 anos. O texto, cuja votação estava prevista para esta sexta-feira (17), perderá a validade na próxima segunda-feira (20). Líderes partidários devem discutir se a MP retornará à pauta de votação, mesmo que em cima da hora, mas a tendência é o caminho da caducidade.

No caso de a MP caducar ou ser rejeitada no plenário virtual do Senado, o governo não poderá reeditar Medida Provisória neste ano com o mesmo tema. Esse é o resultado de um governo pífio, formado por ministros que se submetem a um ególatra descontrolado e que aposta todas as fichas na truculência verbal e na irresponsabilidade em termos de governança. Apesar disso, há quem garanta que Bolsonaro é o melhor presidente de todos os tempos. Imaginem, leitores e leitoras, se fosse o pior!