Como se a Covid-19 fosse obra do imaginário coletivo, Bolsonaro fará churrasco para 30 pessoas no sábado

 
Se alguém tinha dúvida que Jair Bolsonaro está preocupado apenas com seu projeto de reeleição, não com as vítimas – infectados e mortos – do novo coronavírus, nesta quinta-feira (7) o presidente da República decidiu eliminar qualquer possibilidade de questionamento.

Ignorando as recomendações da Organização Mundial da Saúde e dos cientistas e dos especialistas em epidemiologia, Bolsonaro disse que reunirá cerca de 30 pessoas no Palácio da Alvorada para um churrasco. As autoridades de saúde pedem para que as pessoas respeitem o isolamento social durante a pandemia, mas o presidente parece disposto a contrariar tudo e todos.

“Vou fazer um churrasco no sábado aqui em casa. Vamos bater um papo, quem sabe uma ‘peladinha’, alguns ministros, alguns servidores mais humildes que estão do meu lado”, disse Bolsonaro.

Questionado pelos jornalistas sobre o evento, que vai na contramão do esforço que muitos brasileiros têm feito para conter o avanço da Covid-19, Bolsonaro respondeu com seu costumeiro ar de deboche: “estou cometendo um crime”.

 
De acordo com o presidente, os participantes do insano regabofe terão de contribuir com R$ 70 para custear o churrasco. “Vai ter vaquinha de R$ 70. Não vai ter bebida alcoólica se não a primeira-dama coloca todo mundo para correr”, comentou.

O balanço da pandemia do novo coronavírus no País é assustador, com perspectivas de piorar ainda mais nas próximas semanas, mas apesar da tragédia Bolsonaro prefere abrir caminho para a própria ignorância e tornar-se alvo de notícias por causa da sua irresponsabilidade indiscutivelmente genocida.

Nesta quinta-feira, segundo dados oficiais, o Brasil chegou à marca de 9.146 mortos e 135.106 pessoas diagnosticadas com Covid-19. Considerando o fato de que há subnotificação de casos, o número de infectados é muito maior, podendo ultrapassar a marca de 1 milhão. O mesmo acontece em relação aos óbitos, já que muitas das mortes ocorridas nas últimas semanas por problemas respiratórios não foram investigadas.

Enquanto os brasileiros se desesperam em todo o País em busca de um leito de UTI na rede pública de saúde, Bolsonaro prefere dar mais um péssimo exemplo e organizar uma aglomeração privada. Não por acaso, a respeitadíssima revista científica britânica “The Lancet” afirmou em editorial nesta quinta-feira que a maior ameaça ao combate à pandemia do novo coronavírus no Brasil é o próprio Bolsonaro, que a publicação batizou como “líder ‘e daí?’”.

No texto, a revista afirma que Jair Bolsonaro “semeia confusão, desprezando e desencorajando abertamente as medidas de distanciamento físico e confinamento”. Ou seja, Bolsonaro jogou o Brasil na vala da vergonha internacional.