Pioneiro na arte cinética, o artista plástico Abraham Palatnik morreu neste sábado (9), aos 92 anos, vítima da Covid-19. Palatnik estava internado desde o dia 29 de abril, no Hospital Copa Star, em Copacabana, na Zona Sul carioca. O artista sofria de problemas respiratórios, agravados pelo novo coronavírus.
Um dos precursores da arte cinética, vertente das artes plásticas que explora efeitos visuais por meio de movimentos físicos, ilusão de óptica ou truques de posicionamento de peças, o nome de Palatnik é reconhecido em todo o planeta. Atualmente, suas obras estão expostas em instituições internacionais, como o Museum of Fine Arts, em Houston, e o MoMA, em Nova York.
Nascido em Natal, em 1932, Abraham Palatnik mudou-se ainda jovem para a região onde hoje fica o Estado de Israel. Após concluir a primeira parte de seus estudos no exterior, o artista retorna ao Brasil em 1948, dessa vez para o Rio de Janeiro.
Em 1949, Palatnik dá início aos estudos sobre luz e movimento, que resultaram no Aparelho Cinecromático. À época, o artista passou a desenvolver máquinas que colocavam as cores em movimento. A partir dessa fase “laboratorial” são criadas caixas feitas com telas e lâmpadas que se movimentam por engrenagens acionadas por motores. A invenção foi exposta em 1951 na 1ª Bienal Internacional de São Paulo, onde recebeu a menção honrosa do júri internacional.
Anos mais tarde, Abraham Palatnik passou a integrar o Grupo Frente, juntamente com Ivan Serpa, Ferreira Gullar, Mário Pedrosa, Franz Weissmann, Lygia Clark e outros grandes nomes dessa geração. Palatnik é considerado internacionalmente um dos pioneiros da arte cinética.
Antes de enveredar pela arte cinética, Palatnik começou a frequentar os ateliês do Hospital Psiquiátrico do Engenho de Dentro, na Zona Norte do Rio. Lá conheceu o trabalho da doutora Nise da Silveira, médica psiquiatra que foi aluna da Carl Jung e liderou a luta contra os manicômios.
Segundo o artista, o impacto das visitas ao Hospital Psiquiátrico do Engenho de Dentro repercutiu em toda sua obra. A partir dessa influência, Palatnik deixa de lado critérios escolares de composição e passa a dedicar-se à liberdade entre formas e cores, ocasião em que se aproxima da arte abstrata.