Respondendo interinamente pelo Ministério da Saúde, após a demissão do oncologista Nelson Teich, o general Eduardo Pazuello recebeu uma ordem do presidente da República: assinar o novo protocolo da pasta que libera o uso de hidroxicloroquina até mesmo em pacientes com sintomas leves da Covid-19. Atualmente, a orientação é para profissionais do sistema público de saúde prescrever a substância apenas em casos mais graves.
Teich, que deixou a pasta por discordar da imposição do presidente Jair Bolsonaro no tocante ao protocolo da cloroquina, disse a assessores que sua saída foi motivada por motivos técnicos.
Impedido pelo próprio Bolsonaro de montar sua equipe de trabalho, o agora ex-ministro viu os principais postos do ministério serem ocupados, da noite para o dia, por militares da confiança do presidente. Teich chegou a propor a realização de um amplo estudo, pelo Ministério da Saúde, sobre o uso da cloroquina, antes de liberar o medicamento de forma irresponsável, mas Bolsonaro, sempre agarrado à tirania, não aceitou.
O protocolo a ser assinado pelo ministro interino tem como base uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), que em abril liberou o uso do medicamento em pacientes com sintomas leves da Covid-19. Mesmo assim, o CFM ressaltou que a decisão foi tomada “sem seguir a ciência”, apenas para encerrar a polarização em torno do medicamento.
A partir da decisão do Conselho, médicos passaram a ter autorização de prescrever o medicamento. Contudo, não há regras de distribuição do medicamento para uso no sistema público. As diretrizes constantes do protocolo também poderão especificar dosagens a serem administradas, o que, segundo os especialistas, exige acompanhamento médico constante e internação hospitalar, já que a droga em questão provoca arritmia cardíaca e pode levar o paciente a óbito.
Antes de assumir o cargo de secretário-executivo do Ministério da Saúde, Eduardo Pazuello coordenou a “Operação Acolhida”, cujo objetivo era promover a interação com refugiados venezuelanos na fronteira com Roraima.
A perigosa e constante militarização do governo confirma o que o UCHO.INFO vem afirmando desde a campanha presidencial de 2018: que Jair Bolsonaro em algum momento daria um “cavalo de pau” na democracia. Alguém precisa parar o presidente da República, impondo-lhe limites legais, antes que seja tarde.