Quando lançou sua candidatura à Presidência da República, no início de 2018, Jair Bolsonaro encampou o discurso de combate à corrupção, o que abriu caminho para a retórica da “velha política”, adotada no começo do atual governo, como se o próprio presidente não fosse um representante desse nicho.
Com o avanço do tempo e o acúmulo de trapalhadas, muitas das quais colocam em risco a vida de milhões de brasileiros por causa do desdém oficial em relação à pandemia do novo coronavírus, Bolsonaro se viu obrigado a aderir àquilo que ele próprio condenou, selando acordo com o “Centrão”, o que há de pior na política nacional. Isso porque os políticos que integram esse grupo de parlamentares, desprovido de ideologia política, vende apoio no Congresso em troca de cargos e liberação de recursos.
Em meio à escalada da crise política, o Palácio do Planalto, no afã de evitar que um pedido de impeachment do presidente prospere na Câmara dos Deputados e eventualmente garantir a aprovação de projetos de interesse do governo, cedeu ao PL, legenda comandada pelo “mensaleiro” Valdemar Costa Neto, uma diretoria do cobiçadíssimo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), cujo orçamento gira em torno de R$ 55 bilhões.
Chefe da liderança do PL na Câmara dos Deputados, Garigham Amarante Pinto assumiu a Diretoria de Ações Educacionais do FNDE, nomeação devidamente publicada no Diário Oficial da União (DOU). A diretoria é responsável pela gestão de alguns dos mais importantes programas mais importantes do FNDE, como os de livro didático, transporte escolar e de transferências diretas para as escolas públicas de todo o País. Ou seja, além do polpudo orçamento, a Diretoria de Ações Educacionais tem uma capilaridade que será explorada politicamente pelo PL.
No momento em que se aproxima de Valdemar Costa, o “Boy”, condenado a 7 anos e 10 meses de prisão no Mensalão do PT, Bolsonaro parte para o fisiologismo putrefato e criminoso reinante na política e que ele endossou durante anos a fio, em especial no período em que esteve filiado ao PP (atual Progressistas), legenda que teve um substancioso número de parlamentares envolvidos no Petrolão, escândalo de corrupção que sangrou os cofres da Petrobras.
A presidência do FNDE foi prometida ao Progressistas, que já enviou nomes ao governo e aguarda uma sinalização por parte do presidente da República. Outro partido, o Republicanos, também será contemplado com alguma diretoria do FNDE.
Diante desse cenário que mantém a virulência da mesmice política é impossível imaginar que o Brasil poderá sair do atoleiro social em que se encontra. Afinal, entregar o comando de um órgão vinculado ao Ministério da Educação, com orçamento bilionário, a políticos que vivem do “toma lá, dá cá” é mandar o futuro pelos ares. Ou algum dos Poderes impõe limites do presidente da República, ou o brasileiro precisa se acostumar com a ideia de que o Brasil não tem solução.