Recuo de 1,5% do PIB no 1º trimestre mostra que economia já capengava antes da pandemia

 
A economia brasileira antes da pandemia do novo coronavírus só estava em franca recuperação no discurso do ministro Paulo Guedes, o apasquinado que na reunião ministerial de 22 de abril passado disparou a pérola “tem de vender essa porra logo”, em referência ao Banco do Brasil.

Não é preciso nenhuma dose extraordinária de inteligência, pelo contrário, para saber que a economia do País caminhava a passos lentos e arrastados antes da chegada da Covid-19 em terras nacionais. Apesar disso, a pandemia impôs ao Produto Interno Bruto (PIB) verde-louro um recuo de 1,5% no primeiro trimestre do ano, na comparação com os três últimos meses de 2019. As informações são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgadas nesta sexta-feira (29).

“A queda do PIB do primeiro trimestre deste ano interrompe a sequência de quatro trimestres de crescimentos seguidos e marca o menor resultado para o período desde o segundo trimestre de 2015 (-2,1%). Com isso, o PIB está em patamar semelhante ao que se encontrava no segundo trimestre de 2012”, informou o IBGE, em comunicado.

A retração econômica no primeiro trimestre de 2020 aconteceu dentro do esperado pelo mercado financeiro e interrompe uma trajetória de três anos de lenta recuperação da economia brasileira, que na virada do ano (2019-2020) já dava sinais de perda de ritmo.

Na comparação com o primeiro trimestre de 2019, a queda do PIB foi de 0,3%. No acumulado em 12 meses, registrou aumento de 0,9%, na comparação com os trimestres imediatamente anteriores. Entre janeiro e março deste ano, o PIB totalizou, em valores correntes, R$ 1,803 trilhão.

 
De acordo com o IBGE, na esteira do recuo de 1,5% no primeiro trimestre, o tamanho do PIB brasileiro regrediu para um nível 4,2% abaixo da máxima histórica, registrada no primeiro trimestre de 2014. No final de 2019, a distância do pico da atividade econômica era de 2,7%.

“A gente já estava entre o 3º e o 4º trimestre de 2012, e agora voltou um pouco, para o segundo trimestre”, destacou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

Segundo o IBGE, a retração da economia nos três primeiros meses do ano foi provocada, especialmente, pelo recuo de 1,6% no setor de serviços, cuja fatia de participação no PIB é de 74%. Foi a maior retração do setor desde o 4º trimestre de 2008 (-2,3%).

O setor industrial também encolheu (-1,4%), enquanto a agropecuária cresceu (0,6%), impulsionada pela safra da soja, que pode ser recorde em 2020.

“Aconteceu no Brasil o mesmo que ocorreu em outros países afetados pela pandemia, que foi o recuo nos serviços direcionados às famílias devido ao fechamento dos estabelecimentos. Bens duráveis, veículos, vestuário, salões de beleza, academia, alojamento, alimentação sofreram bastante com o isolamento social”, ressaltou a pesquisadora do IBGE.

Independentemente dos efeitos colaterais da pandemia do novo coronavírus, que prometem ser devastadores, as autoridades precisam compreender que é impossível estimular a economia de um país em que dois terços da população recebem menos de dois salários mínimos mensais. A radiografia do caos econômico surgiu quando 96 milhões de brasileiros solicitaram auxílio emergencial.