Alexandre de Moraes quebra sigilo bancário de deputados bolsonaristas por conexão com atos antidemocráticos

 
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a quebra do sigilo bancário de deputados federais bolsonaristas para apurar se os parlamentares participaram do financiamento de atos antidemocráticos, os quais pediam o fechamento da Corte e do Congresso Nacional.

A decisão de Moraes foi tomada simultânea à autorização da Operação Lume, da Polícia Federal, que nesta terça-feira (16) mandados de busca e apreensão contra 21 apoiadores de Jair Bolsonaro e ligados aos atos antidemocráticos.

Em sua decisão, o magistrado determinou a quebra dos sigilos bancários de quatro parlamentares bolsonaristas: Bia Kicis (PSL-DF), Carla Zambelli (PSL-SP), Cabo Junio Amaral (PSL-MG) e Otoni de Paula (PSC-RJ). Além deles, foram alvos da mesma decisão os deputados federais Daniel Silveira (PSL-RJ), Carolina de Toni (PSL-SC), Alê Silva (PSL-MG), General Girão (PSL-RN), Guiga Peixoto (PSL-SP), Aline Sleutjes (PSL-PR) e o senador Arolde de Oliveira (PSD-RJ).

A operação de busca e apreensão e a quebra de sigilos foram requeridas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), ou seja, o presidente da República não tem como alegar perseguição por parte do Supremo. A ordem de Moraes revela que a investigação é mais ampla e atinge outros parlamentares da base de apoio do governo e alguns apoiadores endinheirados.

 
Um dos braços da investigação tenta rastrear os financiadores dos atos antidemocráticos. Como em qualquer investigação que se preze, o mandamento primeiro é seguir o rastro do dinheiro. Isso explica o fato de alguns empresários terem sido alcançados pela ordem de busca e apreensão, como, por exemplo, como o investidor imobiliário Otávio Fakhoury e o advogado Luís Felipe Belmonte, responsável pela organização e financiamento do Aliança pelo Brasil, do novo partido de Bolsonaro.

Com as quebras de sigilo bancário, a investigação tenta identificar mais pessoas que estejam apoiando financeiramente as manifestações antidemocráticas, que pedem fechamento do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal e intervenção militar com Bolsonaro no poder.

O referido inquérito foi solicitado em abril pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, para investigar a organização das manifestações e o possível cometimento de crimes previstos na Lei de Segurança Nacional.

Na segunda-feira (15), a PF cumpriu mandado de prisão contra a extremista de direita Sara Fernanda Giromini, conhecida no bolsonarismo como Sara Winter. Nesta terça-feira, outros três extremistas foram presos e dois continuam foragidos.

São investigados no inquérito das notícias falsas (fake news), relatado pelo ministro Alexandre de Moraes, os empresários Edgar Corona, Luciano Hang, Reynaldo Bianchi Junior e Winston Rodrigues Lima, suspeitos de financiar a disseminação de informações inverídicas e ataques ao STF.