Inimigo contumaz da democracia e temendo ser apeado do cargo, Bolsonaro volta a ameaçar o Supremo

 
O presidente Jair Bolsonaro, movido por sua conhecida estupidez, insiste em falar sobre democracia, algo que chega ser nauseante para aqueles que entendem o real significado do tema. Autoritário e com inequívocas doses de totalitarismo, Bolsonaro não aceita os limites impostos pela legislação vigente no País, por isso ameaça de maneira constante os Poderes constituídos, como se isso fosse democrático.

Inconformado com a obrigação debaixo do texto constitucional, o presidente tenta a todo instante calar o Judiciário e o Legislativo, alegando que ambos os Poderes o impedem de governar, algo que até agora, desde a posse, Bolsonaro não fez. Na verdade, como já destacou o UCHO.INFO em matéria anterior, nesse período (17 meses) o chefe do Executivo se dedicou a criar factoides, vociferar discursos de ódio e destilar sua sanha persecutória.

Em vez de querer moldar a democracia a seus insanos desejos, Bolsonaro deveria se buscar soluções para os problemas que prometeu solucionar durante a corrida presidencial de 2018. Ciente de que no escopo do que determina a lei sua estada no Palácio do Planalto pode ser encurtada, o presidente voltou a ameaçar o Supremo Tribunal Federal (STF), que tem cumprido o papel de guardião da Carta Magna.

Na manhã desta quarta-feira (17), Bolsonaro, ao deixar o Palácio da Alvorada, disse a apoiadores que a Operação Lume, da Polícia Federal, deflagrada no dia anterior contra apoiadores e parlamentares bolsonaristas, foi um “abuso” e que “está chegando a hora de tudo ser colocado no devido lugar”. O presidente emendou sua fala irresponsável afirmando que não será o “primeiro a chutar o pau da barraca”.

“Eu não vou ser o primeiro a chutar o pau da barraca. Eles estão abusando. Isso está a olhos vistos. O ocorrido no dia de ontem, quebrando sigilo de parlamentares, não tem história nenhuma vista em uma democracia por mais frágil que ela seja. Está chegando a hora de tudo ser colocado no devido lugar”, disse o presidente.

Bolsonaro usa o fato de ter colocado alguns militares na cúpula do governo como arma para amedrontar os outros Poderes, sendo que esse tipo de investida só produzirá resultados nocivos ao próprio presidente e ao seu governo, pois o STF e o Congresso Nacional jamais se colocarão em posição genuflexa diante de figura tosca e prepotente, que teima em desrespeitar a Constituição..

 
No âmbito do mesmo inquérito que serviu de base para a Operação Lume, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou a quebra do sigilo bancário de 11 parlamentares bolsonaristas, atendendo a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). O objetivo da medida é identificar se os parlamentares em questão participaram direta ou indiretamente do financiamento dos atos antidemocráticos que pediram o fechamento do STF e do Congresso.

Atacando a operação da PF como se ele próprio fosse o alvo das investigações, Bolsonaro afirmou que “está chegando a hora de todos, sem exceção, entenderem o que é democracia”. O presidente declarou que cada Poder não pode fazer o que quiser.

“Está chegando a hora de nós acertamos o Brasil no rumo da prosperidade e de todos, sem exceção, entenderem o que é democracia. Democracia não é o que eu quero, eu e você, o que um Poder quer, o que outro Poder quer. Está chegando a hora, fique tranquila”, afirmou.

Bom seria se, antes de tudo, Bolsonaro compreendesse o significado da democracia e a aceitasse governar no escopo das regras democráticas e respeitasse a Constituição, a mesma que na cerimonia de posse prometeu cumprir.

O que Jair Bolsonaro de fato deseja é uma democracia a seu modo, em que todos os Poderes se submetam aos seus devaneios ideológicos e surtos totalitaristas, tutelada por um punhado de militares que continuam acreditando que são seres especiais e acima da lei.

Não foi por falta de aviso que a população brasileira foi às urnas para cometer o equívoco que ora se configura em pesadelo para a democracia e as liberdades individuais. Quando fala que a maioria da população é conservadora e quer um governo como o seu, o presidente está cometendo uma gafe, já que a maioria da sociedade discorda desse jeito truculento de governar. Na realidade, os brasileiros discordam de Bolsonaro e defendem a democracia, o equilíbrio institucional e o respeito à Constituição.

Faz-se necessário ressaltar que essa tentativa de “vender” à opinião pública um caminho fácil para se alcançar uma nação minimamente razoável e justa repete o que Hugo Chávez, com os fios ideológicos trocados, fez na Venezuela. Viver em democracia dá trabalho e exige dedicação, por isso quem não estiver contente que se mude para algum lugar do planeta em que o autoritarismo é a cartilha do cotidiano.