PGR afirma que deputados bolsonaristas usaram dinheiro público para divulgar atos antidemocráticos

 
Vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques acusa quatro deputados federais do PSL de usarem recursos públicos, das respectivas suas cotas parlamentares, para divulgar os atos antidemocráticos do último dia 3 de maio. Na petição que pede a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telemáticos dos parlamentares bolsonaristas constam os nomes de Bia Kicis (PSL-DF), General Girão (PSL-RN), Guiga Peixoto (PSL-SP) e Aline Sleutjes (PSL-PR).

De acordo com a petição assinada por Humberto Jacques, três dos quatro investigados contrataram, em abril, a empresa Inclutech Tecnologia, sob a rubrica divulgação de atividades, para “promover o respectivo apoiamento aos atos antidemocráticos”.

O documento da PGR destaca que a deputada Bia Kicis destinou R$ 6,4 mil da cota parlamentar para a “criação e elaboração de peças em vídeo para publicação na web”. Guiga Peixoto, escrevê o procurador, direcionou R$ 6,5 mil para o mesmo fim, ao passo que Aline Sleutjes destinou R$ 10 mil para os serviços prestados pela empresa citada. A Inclutech pertence a Sérgio Lima, responsável pelo marketing do Aliança pelo Brasil, conforme revelou o jornal “O Estado de s. Paulo” nesta quinta-feira (18).

O deputado federal General Girão gastou R$ 7,4 mil da cota parlamentar na contratação da empresa Lima Junior, como informa o vice-procurador-geral, também para divulgar os protestos antidemocráticos.

 
As diligências foram autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e foram cumpridas no âmbito da Operação Lume, da PF, deflagrada na última terça-feira (16) contra congressistas, blogueiros e youtubers que apoiam o presidente Jair Bolsonaro, que demonstrou irritação com a operação policial, como se o investigado fosse ele próprio.

Na petição encaminhada ao Supremo, Humberto Jacques é claro ao citar a participação dos parlamentares no financiamento do processo de divulgação dos atos que pedem o fechamento do Supremo e do Congresso Nacional, além de intervenção militar, pedidos escandalosamente inconstitucionais.

“Como se pode verificar, no ecossistema de redes sociais e propagação de ideias de mobilização social e realização de manifestações ostensivas nas ruas, há participação de parlamentares tanto na expressão e formulação de mensagens, quanto na sua propagação e visibilidade, quanto no convívio e financiamento de profissionais na área”, escreveu Jacques.

“Na parte visível de toda essa organização há militantes, há políticos, há organização, há recursos financeiros. Há também direitos. Todavia, potencialmente pode haver abusos e crimes que precisam ser apurados a partir do esclarecimento do modo de funcionamento estruturado e economicamente rentável de uma escalada de organização e agrupamento com pretensões aparentes de execução de ações contra a ordem constitucional e o Estado Democrático e provocação das Forças Armadas ao descumprimento de sua missão constitucional”, completou o número 2 da PGR.