Bolsonaro “joga a toalha” e muda discurso para distensionar relação com os Poderes e minimizar crise

 
Falso corajoso, o presidente Jair Bolsonaro sempre escorou-se em figuras abjetas para esconder sua deletéria covardia, como forma de “vender” aos incautos uma valentia que jamais existiu. Oportunista contumaz, algo recorrente na política, Bolsonaro faz ameaças que não se cumprem para, em seguida, surgir em cena como ferrenho defensor da democracia. Há muito o UCHO.INFO afirma que o discurso embusteiro do presidente da República serve apenas como termômetro para suas intenções antidemocráticas, que não são levadas a cabo por conta do império da lei e do Estado de Direito.

Ciente de que o cerco da Justiça se fecha no seu entorno e no dos próprios filhos, Bolsonaro agora ensaia um armistício com os outros Poderes constituídos, como se a sociedade não conhecesse seu ciclotímico comportamento. Nesta quinta-feira (25), Bolsonaro, ao lado do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, defendeu a harmonia e a cooperação entre os Poderes, como preconiza a Constituição, mas seu discurso não convenceu.

Esse falso e repentino bom-mocismo do presidente da República tem como objetivo baixar a temperatura da crise institucional que contrapõe os Poderes da República e demais instituições, situação que vem ameaçando a estabilidade democrática e derretendo a imagem do País no exterior. Além disso, essa crise tem afugentado investidores, temerosos com as investidas autoritárias de Bolsonaro e a falta de segurança jurídica que reina em todos os cantos nacionais.

A declaração, travestida de armistício, foi dada durante cerimônia no Palácio do Planalto para assinatura de acordo de integração de sítios eletrônicos sobre leis e normas legais entre os sistemas da Presidência da República, do STF e do STJ (Superior Tribunal de Justiça), entre outros órgãos.

 
“Esse entendimento, essa cooperação, bem revela o momento que vivemos aqui no Brasil. Eu costumo sempre dizer quando estou com o presidente Toffoli, com o Alcolumbre [presidente do Senado] e o Maia [presidente da Câmara], que somos pessoas privilegiadas. O nosso entendimento, no primeiro momento, é que pode sinalizar que teremos dias melhores para o nosso país”, disse Jair Bolsonaro.

“Somente dessa forma, com paz e tranquilidade, e sabendo da nossa responsabilidade, que nós podemos colocar o Brasil naquele local que todo mundo sabe que ele chegará. E se Deus quiser o nosso governo dará um grande passo nesse sentido. Obrigado a todos pelo entendimento, pela cooperação e pela harmonia”, completou o presidente.

Que ninguém confie nessa retórica de encomenda, pois o objetivo é tentar persuadir os outros dois Poderes (Judiciário e Legislativo), já que a legislação vigente no País emparedou o presidente, seus familiares e os descontrolados apoiadores.

Para quem até recentemente incentivava e participava de atos antidemocráticos, com direito de pedido de fechamento do STF e do Congresso Nacional, além de intervenção militar, Bolsonaro mostra-se à opinião pública como realmente é: um falso corajoso que diuturnamente flerta com o retrocesso e o obscurantismo.

Ao perceber que seu raciocínio fascistoide não conseguiu intimidar os Poderes, tendo servido apenas para aglutinar os membros de um grupelho que acredita que democracia se faz a partir da eliminação dos oponentes, Bolsonaro agora oferece o “cachimbo da paz”, até porque não lhe resta outra saída, que não a de se submeter ao ordenamento jurídico e respeitar a Carta Magna.