Réquiem republicano

(*) Gisele Leite

Na total impossibilidade de as Forças Armadas atuarem como Poder Moderador diante da grave crise institucional brasileira e, ainda, diante de nossa combalida democracia, subitamente JB, como lhes chamam os íntimos, encarna o personagem contido e pseudo-educado, pois afinal, a filharada envolta em vários inquéritos que apuram fake news e “rachadinhas” … e, para completar o cenário desastroso, Queiroz preso na iminência de aceitar colaboração premiada, principalmente enquanto caçam a já foragida parceira e cabeleireira.

Mas, a falta de gestão diante da pandemia nos credencia como o país mais desastroso no controle e combate ao coronavírus. Com altos índices de subnotificação e, ainda, a total carência de testes para avaliar e mapear os infectados e especialmente os portadores assintomáticos de tamanha virulenta doença. Para completar a tragédia, o recente ministro antes tão gabaritado, teve seu curriculum diluído em poucas horas, o que gerou seu pedido de demissão… Só faltou pedir também um “abracinho” … Arf!

Ainda no cenário, mais de cinquenta mil óbitos e, mesmo sem a queda de mortalidade, várias capitais flexibilizando e promovendo abertura de igrejas e templos bem como de bares que ficaram lotados e, permaneceram abertos em fuzarca pela noite adentro… Sem sofrerem o incômodo de multas ou advertências.

A flexibilização é uma insanidade no momento, dizem os infectologistas, mas, afinal, para quem acredita que é só uma gripezinha” … não há nada a temer… Senão a boca de Queiroz, a boca da cabeleireira e sua prole…doravante não mais protegida por anjo…

Infelizmente, vivenciamos nosso réquiem republicano… e, esperamos com paciência de Jó, esse desgoverno findar-se, na incerteza do futuro e na descrença absoluta de salvação democrática.

A bipolaridade sem lítio atual só me faz refletir finalmente sobre o porquê um país tão naturalmente rico irá, ao fim da pandemia, amargar a mais grave recessão econômica de todos os tempos…

E, Guedes ameaça servidores com redução salarial. Mas, é claro, desde que não sejam, os militares. Para consolo, é bom ouvir o Réquiem em Ré menor, de Mozart, composto em 1791 para obter uma trilha sonora adequada. Por favor, o último a sair apague a luz!

(*) Gisele Leite – Mestre e Doutora em Direito, é professora universitária.

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