Negacionista, Bolsonaro trata isolamento como “neurose” e questiona como reduzir óbitos por Covid-19

 
O negacionismo do presidente Jair Bolsonaro em relação à pandemia do novo coronavírus é de tal forma criminoso, que falar em genocídio é sinal de equilíbrio. No dia em que o Brasil chegou a quase 77 mil mortes pela Covid-19 e mais de 2 milhões de casos confirmados, o presidente da República abusou dos seus conhecidos destampatórios e tratou como “neurose” o isolamento social e questionou a possibilidade de redução do número de óbitos em razão da doença.

“Então houve uma neurose no tocante a isso daí. Ninguém disse que ninguém ia morrer por causa do coronavírus. Tanto ia como está morrendo, infelizmente. Agora alguns acham que tinha como diminuir o número de óbitos. Diminuir como?”, disse Bolsonaro em sua enfadonha “live” semanal.

Mencionando mais uma vez problemas econômicos decorrentes da pandemia, Bolsonaro afirmou que é necessário salvar vidas, mas criticou a atuação do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, demitido em abril. De acordo com o presidente, Mandetta semeou o pânico no País.

“Quando resolveram lá atrás partir para o achatamento da curva, vocês lembram do ministro [Mandetta], né? “Vamos achatar a curva!”. Ele falava nas reuniões de ministro: “caminhões do Exército vão pegar corpos nas ruas”. Semeando o pânico no Brasil. A grande mídia também dando uma força muito grande no tocante a isso”, afirmou o ignaro Bolsonaro, sempre movido por usa irresponsabilidade genocida.

Como se fosse a maior autoridade planetária em epidemiologia ou áreas correlatas da saúde, o presidente avançou com seu devaneio e lembrou que o objetivo das medidas restritivas era dar tempo para que os hospitais se preparassem para receber os infectados pelo novo coronavírus, uma vez que até o momento não há vacina ou “nenhum remédio comprovado cientificamente ainda”.

 
“Então o objetivo era esse. Hoje nós estamos vendo que em vários Estados está sobrando leito, graças a Deus, né? Então tem que começar a abrir, poxa. Porque a crise por falta de emprego, morte, suicídio, depressão tá aí, tá chegando”, afirmou o presidente.

Durante a transmissão pela internet, Bolsonaro exibiu embalagens de hidroxicloroquina, fármaco que ele diz ter usado na última semana para se tratar da covid-19, e do vermífugo Annita. Ambos os medicamentos não têm eficácia comprovada no tratamento da Covid-19.

Mesmo assim, o chefe do Executivo federal destacou que não é médico e tampouco estava recomendando medicamentos às pessoas, dizendo que não é “garoto-propaganda de nada”. Por diversas vezes Bolsonaro orientou os internautas a procurarem médicos caso apresentem sintomas da Covid-19.

Em vez de aspergir sandices sobre a parcela ignara da população e também sobre sua horda de apoiadores, Jair Bolsonaro deveria se preocupar com o fato de até agora o Ministério da Saúde ter empregado menos de um terço dos recursos (R$ 40 bilhões) destinados ao combate à pandemia do novo coronavírus no País.

A Psicologia ensina que a projeção é um mecanismo de defesa no qual os atributos indesejados de determinada pessoa são transferidos a terceiros. Talvez, ao se referir ao isolamento como neurose, Jair Bolsonaro esteja tentando expulsar os demônios da própria psique que tanto o incomodam. Freud explica!

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