Quando o UCHO.INFO afirma que o governo de Jair Bolsonaro é inepto e pífio e que o presidente da República é desprovido das mais rasas doses de estofo para cargo de tamanha relevância, não se trata implicância de nossa parte, pois sabem os leitores que nosso jornalismo não tem bandeira ideológica. Pelo contrário, nosso jornalismo, sempre ético e responsável, é baseado na verdade dos fatos e na experiência de seu editor.
Na quarta-feira (22), quando o Brasil registrou 67,8 mil novos casos de Covid-19 e totalizou mais de 82 mil óbitos pela doença, o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, que está interinamente no comando da pasta, disse que se solidariza com as famílias das vítimas e que os alarmantes n[úmeros da pandemia o incentiva a trabalhar em busca de uma solução.
“Acredito que quando a gente fala de 80 mil, não é um número, são 80 mil vidas, é uma realidade. Isso dói e nos faz todo dia acordar para trabalhar e buscar novas soluções para evitar novas mortes”, disse Pazuello em entrevista a jornalistas em Florianópolis (SC).
Com a voz embargada e dificuldade para falar, o ministro destacou os esforços dos profissionais de saúde que estão linha de frente da pandemia do novo coronavírus. “Lamento por cada vida perdida. Falo também pelos profissionais de saúde que estão diuturnamente na frente de combate se expondo e alguns perderam suas próprias vidas”, afirmou.
Que ninguém caia na esparrela de Pazuello, já que o ministro foi alertado pela equipe técnica do Ministério da Saúde sobre a importância do isolamento social no combate à crise provocada pelo vírus SARS-CoV-2, que se não cumprida de forma adequada poderia estender os efeitos da pandemia por até dois anos. Ao contrário, em clara demonstração de submissão ao presidente da República, o ministro endossou a flexibilização da quarentena, não sem antes recomendar o uso da hidroxicloroquina na fase inicial da doença.
Quanto ao fármaco, que tornou-se coqueluche do irresponsável governo de Jair Bolsonaro, o maior estudo brasileiro sobre a hidroxicloroquina já comprovou que, ministrado ou não com o antibiótico Azitromicina, não tem eficácia no tratamento de pacientes internados com quadros leves e moderados dede Covid19.
A pesquisa, realizada pelos principais hospitais privados do País e publicada nesta quinta-feira (23) na respeitada revista científica “The New England Journal of Medicine”, constatou que no grupo de pacientes que fizeram uso dos medicamentos alterações frequentes nos exames de eletrocardiograma e de sangue, o que representa maior risco de arritmia cardíaca e lesões no fígado.
No tocante à consternação de Eduardo Pazuello diante do aumento no número de óbitos pela Covid-19, o que se viu na capital catarinense não passou de jogo de cena, previa e exaustivamente ensaiado para minimizar a responsabilidade de um governo pífio e desorientado.
A nossa contundente crítica ao governo Bolsonaro tem respaldo em auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) que detectou o uso de apenas 30% dos recursos destinados ao combate à pandemia do novo coronavírus. Segundo o TCU, até 25 de junho o Ministério da Saúde utilizou no enfrentamento da Covid-19 apenas R$ 11,48 bilhões dos R$ 38,97 bilhões previstos para enfrentar a pandemia.
Isso posto, a fala de Eduardo Pazuello não apenas merece críticas, assim como as estapafúrdias declarações do presidente da República, mas um ruidoso movimento pela sua imediata saída da pasta. É inaceitável que em meio à mais grave pandemia dos últimos 100 anos o Ministério da Saúde continue sem comando, enquanto Bolsonaro insiste na politização da doença.
Resumindo, em qualquer país minimamente sério e com autoridades imbuídas de coragem e conhecedoras da lei, o ministro da Saúde estaria respondendo judicialmente, ao passo que o presidente já seria alvo de processo de impeachment por crime de responsabilidade.
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