Bolsonaro recorre ao discurso totalitarista e diz que Forças Armadas dão “tranquilidade” para conduzir o País

 
Sempre flertando com o autoritarismo e o retrocesso, mesmo que no momento agindo de maneira camuflada e nas entrelinhas, o presidente Jair Bolsonaro não desiste da ideia e incutir no inconsciente coletivo a ideia de que as Forças Armadas representam a solução derradeira para todos os problemas do País. Essa postura obscurantista foi levantada pelo UCHO.INFO durante a corrida presidencial de 2018, quando alertamos para o perigo de ameaças à democracia, caso Bolsonaro fosse eleito.

Nesta quinta-feira (6), durante cerimônia de promoção de oficiais-generais do Exército, o presidente afirmou que as Forças Armadas dão “uma certa tranquilidade” para ele conduzir o País. De acordo com Bolsonaro, os militares são “o grande elo” que garante liberdade à população.

“O que o povo sempre teve das Forças Armadas, além da garantia de lei e da ordem, foi a certeza da sua liberdade. Este é o bem maior que interessa a todos nós e, nesta corrente, o grande elo são as Forças Armadas, são o nosso Exército brasileiro”, declarou Bolsonaro durante a solenidade.

Sem perder a chance de bajular os militares, algo que faz de forma desnecessária e nauseante, o presidente da República destacou a importância da confiança da sociedade nas Forças Armadas. “Por isso, em grande parte, a confiança nessa instituição. Por isso, em grande parte, uma certa tranquilidade que eu tenho em dirigir, em conduzir o País para o seu destino que todos nós queremos”, disse.

 
Bolsonaro tem o direito constitucional à livre manifestação do pensamento, mas na condição de chefe do Executivo não pode ignorar a Constituição e atropelar de forma criminosa e persistente a democracia e o Estado de Direito. As Forças Armadas são instituições do Estado brasileiros que fazem parte do regime democrático, mas estão longe de ser garantia à liberdade.

Ademais, a liberdade da sociedade está garantida pelo conjunto legal vigente e pela atuação do Judiciário, que nos momentos de ameaça ao regime democrática fazem valer a lei e as balizas constitucionais.

Ao afirmar que os militares proporcionam tranquilidade para conduzir o País, Bolsonaro transfere às Forças Armadas o papel de agente político, algo que não lhes cabe. Na verdade, essa fala tosca de desconectada da realidade não apenas revela a essência totalitária de um governo que até agora não mostrou a que veio, mas configura uma nova ameaça, desta vez enviesada, aos outros dois Poderes da República: Judiciário e Legislativo.

Ciente de que o cerco se fecha cada vez mais no entorno dos filhos e do próprio governo, com a possibilidade de sua chapa ser cassada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Jair Bolsonaro ressurgem cena depois de um período sabático de conveniência, a bordo de discurso golpista travestido de defesa da democracia.

Que nenhum brasileiro de bom-senso caia nessa esparrela torpe, pois esse “filme” proporcionou ao País um dos mais repugnantes e condenáveis períodos da história nacional. Essas investidas de Bolsonaro na seara golpista precisam ser contidas, antes que seja tarde demais.

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