Como todo populista de raiz, Jair Bolsonaro consegue fazer do seus discursos uma ode à mitomania e ao engodo, como se ele próprio fosse a derradeira solução para a avalanche de problemas que devora o Brasil, a começar pela pandemia do novo coronavírus, que diariamente tem deixado à beira do caminho mais de mil mortos.
Com a Covid-19 avançando de maneira deliberada no País e se aproximando das 100 mil mortes, Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (6) que sua consciência está tranquila porque fez “o possível e o impossível” para salvar vidas. A declaração foi dada durante o ato de assinatura de medida provisória que destina R$ 1,9 bilhão para a compra de vacina contra a doença provocada pelo vírus SARS-CoV-2 e vem sendo testada pela Universidade de Oxford e pelo laboratório farmacêutico AstraZeneca.
Em mais um despautério oficial, o presidente da República aproveitou a cerimônia para defender o uso da hidroxicloroquina no combate à doença, apesar de o medicamento não ter eficácia comprovada contra a Covid-19.
“Estamos com a consciência tranquila. Não existia, naquela época, como não existe, uma vacina, não existia medicamento, apenas a promessa, no primeiro momento, da hidroxicloroquina, depois outras coisas apareceram”, disse Bolsonaro em cerimônia fechada à imprensa, no Palácio do Planalto, mas transmitida pela TV pública.
“Junto com os meios que nós temos, temos como realmente dizer que fizemos o possível e o impossível para salvar vidas ao contrário daqueles que teimam em continuar na oposição, desde 2018”, afirmou o presidente.
Tao acintoso quanto torpe, o novo discurso de Bolsonaro no âmbito da Covid-19 serve para camuflar sua irresponsabilidade genocida, assim como para minimizar as críticas a um governo pífio e despreparado que vive à sombra de gazetas palacianas.
É inconcebível aceitar passivamente um discurso dessa natureza, que na verdade é um atentado ao bom-senso, quando na verdade o presidente já deveria estar sob uma saraivada de críticas por parte da população, em especial da parcela desvalida e abandonada pelo Estado.
Ainda na campanha presidencial de 2018, o UCHO.INFO afirmou, sem medo de errar, que Bolsonaro, além de ser uma clara ameaça à democracia brasileira, era desprovido de competência e estofo para assumir cargo de tamanha relevância e responsabilidade, como o de presidente da República.
Caso o mencionado discurso no escopo da Covid-19 tivesse sido balbuciado por alguém da esquerda nacional, os bolsonaristas já teriam saído às ruas para protestar contra uma sandice inaceitável. Como o destampatório tem a rubrica do chefe da seita, seus apoiadores, que agem como obediente manada, optam pelo silêncio criminoso.
Ou o brasileiro reage à altura do pandemônio em que se transformou o atual governo, ou começa a aceitar a ideia de que o cenário tende a piorar em todas as frentes, começando pela liberdade.
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