Escândalos envolvendo Bolsonaro, Michelle, Flávio, Queiroz e Onyx, mas o silêncio dos bolsonaristas perdura

 
A letargia da população brasileira diante dos escândalos envolvendo o governo de Jair Bolsonaro e familiares do presidente da República chega a impressionar. Esse comportamento da opinião pública é, como já afirmamos em diversas ocasiões, fruto da preguiça do brasileiro em relação às questões políticas, já que o cidadão acabou se viciando na chamada “coisa pronta”.

Por ocasião do impeachment da então presidente Dilma Rousseff, o processo só foi possível porque havia ambiente político favorável e pelo fato de que a sociedade não mais suportava casos de corrupção recheando o noticiário nacional. Afirmamos isso porque o crime imputado a Dilma – “pedalada fiscal” – foi cometido por vários dos seus antecessores, mas à época o Congresso preferiu fazer vistas grossas, certamente no rastro de interesses escusos.

A semana que ora termina foi marcada por episódios grotescos e declarações bizarras, que se tivessem ocorrido na era petista a população já estaria nas ruas a protestar. Sabem os leitores que o jornalismo do UCHO.INFO não tem bandeira ideológica, mas o compromisso com a verdade dos fatos, a responsabilidade e a ética profissional. Além disso, defendemos ferrenhamente a isonomia como forma de tratar as questões envolvendo políticos e seus quejandos.

Há dias, o ministro Onyx Lorenzoni (Cidadania) admitiu ter recebido R$ 300 mil, por meio de caixa 2, em duas campanhas, depois de ter negado durante meses o pagamento feito pela empresa JBS. Lorezoni, deputado federal licenciado, só aceitou reconhecer o cometimento crime para evitar ação penal. Não fosse esse detalhe, o crime continuaria sendo negado, até cair nas calendas. O ministro terá de pagar multa de R$ 189 mil, ou seja, pouco mais de 60% do valor recebido seis anos atrás.

Caso esse fato tivesse ocorrido nos governos petistas, a turba bolsonarista já teria colocado o País abaixo. Como o envolvido no escândalo é um integrante do governo Bolsonaro, a horda de apoiadores do presidente da República preferiu o silêncio obsequioso. Ou seja, a questão não é a corrupção em si, mas aquela praticada por membros da esquerda. Resumindo, corrupto bom é corrupto de direita.

 
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Outro fato que chamou a atenção dos brasileiros de bom-senso, mas levou os bolsonaristas à pasmaceira de encomenda, foi a entrevista concedida pelo senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), que afirmou ter solicitado a Fabrício Queiroz, o “rei das rachadinhas”, para que pagasse suas contas pessoais em dinheiro vivo.

Filho do presidente, o senador fluminense alegou não haver ilegalidade no ato de entregar dinheiro a um assessor para a quitação de contas particulares. Ora, uma família que galgou degraus na escada política na esteira do marketing digital – leia-se fake news – deveria saber que a tecnologia disponibiliza a qualquer cidadão novidades com débito em conta, internet banking e até mesmo o quase abandonado cheque. Ao contrário, Flávio Bolsonaro, segundo o próprio, entregou dinheiro em espécie a Queiroz.

Ora, guardar dinheiro vivo e sonante em casa ou no gabinete parlamentar não é crime, desde que a origem dos recursos seja comprovada. Até o momento, Flávio Bolsonaro não comprovou a origem lícita do dinheiro usado pelo ex-assessor para quitar suas contas na boca do caixa. Limitou-se a dizer que é inocente e a pedir a substituição dos promotores do Ministério Público do Rio de Janeiro que investigam o escândalo das malfadadas “rachadinhas”, não sem antes afirmar que Queiroz é pessoa de sua confiança e que se não fosse o imbróglio o ex-assessor estaria em Brasília ocupando cargo no Senado ou na Presidência da República.

Nesse emaranhado de desculpas nada convincentes estão o presidente da República e a primeira-dama. Quando o Coaf detectou que Fabrício Queiroz movimentara sua conta bancária de forma atípica e não condizente com seus rendimentos, descobriu-se que o ex-assessor havia feito depósito no valor de R$ 24 mil na conta de Michelle Bolsonaro. Incomodado com a notícia, Jair Bolsonaro apressou-se em dar uma explicação. Disse que havia emprestado R$ 40 mil a Queiroz e que o depósito era referente ao pagamento de parte do valor.

Bolsonaro não mais tocou no assunto, assim como esquivou-se de apresentar provas do referido empréstimo, que não consta das respectivas declarações ao Imposto de Renda. Agora, descobre-se que Queiroz depositou no total R$ 72 mil na conta de Michelle Bolsonaro. Quando o escândalo veio à tona, Bolsonaro alegou, à sombra da desculpa do empréstimo, que não tinha tempo de ir ao banco, por isso o depósito foi feito na conta de Michelle. Na ocasião, Jair Bolsonaro ia quase que diariamente ao caixa eletrônico, hábito que jogou por terra sua versão dos fatos.

A grande questão é que, diferentemente do que prometeu durante a corrida presidencial, Jair Bolsonaro é não apenas conivente com a corrupção, mas partícipe indireto do esquema das “rachadinhas”. Sem contar os funcionários fantasmas que a família presidencial empregou ao longo de anos em gabinetes. Mesmo assim, os direitistas ensandecidos afirmam que Bolsonaro é o melhor presidente de todos os tempos. Como disse o escritor e filósofo francês Joseph-Marie de Maistre, “toda nação tem o governo que merece” (“Toute nation a le gouvernement qu’elle mérite”).

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