Bolsonaro continua a politizar a pandemia e divulga relatório torpe com nomes de governadores e prefeitos

 
Quando o UCHO.INFO afirmou em matéria anterior, que os brasileiros não deveriam cair na mais nova armadilha do governo Bolsonaro no campo da pandemia da Covid-19, não o fez por discordar do comportamento pífio e irresponsável do presidente da República, mas com base na verdade dos fatos.

A mudança de postura do governo diante da crise provocada pelo novo coronavírus, vociferada pelo ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, não passa de oportunismo barato do próprio Jair Bolsonaro, que terceirizou a missão para não desapontar seus descontrolados e radicais apoiadores.

Enquanto Pazuello defendia, no Rio de Janeiro, o isolamento social e o tratamento precoce da Covid-19, como forma de conter o avanço das mortes pela doença, um relatório elaborado pelo Palácio do Planalto e distribuído a parlamentares confirmava a atitude espúria de um governante que ainda insiste em politizar a pandemia.

O mencionado relatório traz em destaque os nomes de governadores e prefeitos dos estados e municípios com o maior número de óbitos e casos confirmados da Covid-19, como se Bolsonaro não fosse responsável pela tragédia que se abateu sobre o Brasil, que já contabiliza mais de 101 mil óbitos pela doença.

Produzido pela Secretaria Especial de Assuntos Federativos (SEAF), subordinada à Secretaria de Governo, o documento foi enviado por aplicativo de mensagens aos congressistas e usa dados do Ministério da Saúde, que há três meses está sem comando.

 
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De acordo com o relatório, os governadores que tiveram seus nomes relacionados aos estados com maior número de casos confirmados são: João Dória Júnior (PSDB), de São Paulo; Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul; Rui Costa (PT), da Bahia; Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; e Carlos Moisés (PSL), de Santa Catarina, nessa ordem. Em relação ao número de óbitos, os governadores são João Dória, Romeu Zema, Eduardo Leite, Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Rui Costa.

No âmbito dos municípios, aparecem na lista os seguintes nomes de prefeitos dos municípios com maior números de casos da doença: Bruno Covas (PSDB), de São Paulo; Marcelo Crivella (PRB), Rio de Janeiro; ACM Neto (DEM), de Salvador; Roberto Cláudio (PDT), de Fortaleza. Na lista “top 5” dos municípios aparece o Distrito Federal, mas o nome do governador Ibaneis Rocha (MDB) não é destacado pelo fato de ser um conhecido aliado de Bolsonaro.

A intenção de politizar a pandemia fica evidente a cada movimento do presidente da República, que tenta sair impune da tragédia em que se transformou a Covid-19 no País. Trata-se de comportamento criminoso, que a essa altura já deveria estar sob intensas e duras críticas da opinião pública, pois as famílias dos mais de 101 mil mortos pelo novo coronavírus merecem respeito.

Em nota, a SEAF informou que o relatório tem “o objetivo de monitorar a disseminação da covid-19 nos entes federativos para auxiliar na articulação do governo federal”. Ora, se o foco do documento é ajudar no monitoramento da pandemia, não havia necessidade de inserir no relatório os nomes dos governadores e prefeitos.

“O documento em questão foi criado para contribuir internamente na gestão de curto prazo de como a pandemia está se comportando nos Estados e municípios. Os dados apresentados são todos públicos e retirados do site do Ministério da Saúde”, informou a SEAF, ressaltando que semanalmente é divulgado um boletim na página eletrônica da Secretaria de Governo. Contudo, os boletins semanais não mencionam os nomes de governadores e prefeitos.

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