A pandemia do novo coronavírus colocou uma enorme e potente lupa sobre a tragédia social que há muito se esparrama pelo Brasil. A maior prova dessa constatação foi o elevado número de pessoas que se inscreveram para receber o auxílio emergencial – 107 milhões de inscritos e 83 milhões de beneficiados.
Esse quadro, que ainda é superficial, apesar de extremamente preocupante, mostra que necessário saber mais sobre esse contingente de brasileiros, pois é impossível pensar em alavancar a economia com uma realidade tão cruel. Ademais, como tem afirmado o UCHO.INFO, quando cessar o pagamento do auxílio, o País conhecerá o que de fato é crise econômica, pois até o momento o ministro Paulo Guedes (Economia) nada fez para tirar a população do atoleiro, exceto os descabidos e ufanistas discursos que agradam apenas ao mercado financeiro.
Conhecer a realidade do brasileiro é importante para que o governo consiga definir as políticas públicas, o que só é possível a partir do censo demográfico. Essa é a única forma para se conseguir radiografar o País como um todo e descobrir suas mazelas e carências.
Em mais uma decisão que contraria o bom-senso, mas agrada a ala militar do governo, o presidente Jair Bolsonaro está propenso a adiar o Censo 2020 – programado para o próximo ano em função da pandemia – com o intuito de destinar os respectivos recursos (R$ 2 bilhões) ao Ministério da Defesa, como se a pasta não conseguisse existir debaixo de um orçamento enxuto. Talvez fosse o caso de substituir o titular da Defesa e sua equipe, pois é inaceitável que mais uma vez o cidadão comum fique à beira do caminho para que Bolsonaro consiga agrafar aos seus.
Nas últimas horas, Bolsonaro determinou ao Ministério da Economia que o orçamento da Defesa fosse majorado em R$ 2,27 bilhões, elevando a previsão orçamentária da pasta para o próximo ano a R$ 111 bilhões, valor R$ 8,1 bilhões maior do que o montante reservado à Educação (R$ 102,9 bilhões).
O comunicado sobre ampliação do Orçamento para os militares foi feito pelo secretário de Orçamento do Ministério da Economia, George Soares, em ofícios que confirmam os pedidos feitos pelo presidente da República.
Alguém pode alegar que o governo não tem tantos recursos para investir, o que justificaria a postergação do Censo, mas até para “ajustar a sintonia” do programa Bolsa Família é preciso conhecer a realidade brasileira em todos os rincões do País, principalmente depois da crise provocada pela Covid-19. Como Bolsonaro enveredou pela seara do populismo barato, o que lhe rendeu melhora nos índices de aprovação popular, o Censo é importante inclusive para dar folego à sua estratégia do “quem quer dinheiro”.
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