Sempre agarrado a um destampatório de ocasião, o presidente Jair Bolsonaro disse, em 22 de março passado, que no Brasil o número de mortes pela Covid-19 não ultrapassaria os 796 óbitos provocados pela gripe H1N1 em 2019. Como se sabe, Bolsonaro sempre demonstrou disposição para politizar a pandemia do novo coronavírus, algo que ainda faz quando tem oportunidade. Comportamento fascistoide típico de populista adulador de torturadores.
A linha do tempo avançou sem cerimônia e o programa do governo federal de combate à pandemia provocou impressionante número de mortos pela doença, assim como de infectados pelo vírus SARS-CoV-2, contingente que é, na melhor das hipóteses, sete vezes maior em decorrência da baixa testagem no País.
Quase cinco meses após aquela fatídica declaração, que escancarou a irresponsabilidade genocida de Bolsonaro, o Brasil alcançou nesta terça-feira (18) a assustadora marca de 109.888 mortes pela Covid-19. Nas últimas 24 horas, o País registrou 1.352 mortes pelo novo coronavírus e 47.784 casos de infecção, de acordo com dados divulgados pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e pelo Ministério da Saúde. Com esses números, o Brasil tem 3.407.354 casos confirmados da doença, número que, como mencionado acima, pode estar na casa dos 20 milhões.
São Paulo é o estado brasileiro mais atingido pela epidemia, com 711.530 casos e 27.315 mortes, sendo 416 somente nas últimas 24 horas. O total de infectados no território paulista supera os registrados em quase todos os países do mundo, exceto Estados Unidos, Índia e Rússia.
A Bahia é o segundo estado brasileiro com maior número de casos, somando 221.041, mas fica atrás de São Paulo, Rio de Janeiro (14.728 mortes), Ceará (8.196), Pernambuco (7.252) e Pará (5.975) em número de mortos, com 4.542 vidas perdidas para a doença. O Rio de Janeiro é atualmente o terceiro em número de infecções, com 199.480 casos, seguido do Ceará, que tem 199.258 infectados, e do Pará, com 180.090.
A taxa de mortalidade por grupo de 100 mil habitantes é atualmente de 52,3 no Brasil – cifra bem acima da registrada em países vizinhos como a Argentina (13,07) e o Uruguai (1,16), considerados exemplos no combate à pandemia. No contraponto, nações europeias duramente atingidas pela Covid-19, como Reino Unido (62,35) e Bélgica (87,06), ainda aparecem bem à frente. Mas nesses países os primeiros casos do novo coronavírus foram registrados muito antes, e o número de óbitos diários está atualmente na faixa das dezenas, sendo que o pico de mortes foi registrado em abril e maio.
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Enquanto o presidente age como se a pandemia fosse mera invencionice e incentivou a decretação do fim da quarentena por parte da população, que já não respeita as orientações das autoridades em saúde, no último fim de semana o Brasil completou três meses sem um ministro da Saúde. A pasta vem sendo comandada interinamente desde 15 de maio pelo general Eduardo Pazuello, que não tem experiência na área da saúde e indicou militares para quase todos os postos-chave do ministério.
Na gestão Pazuello, as mortes e novas notificações de casos dispararam em todo o País. Foram mais de 95 mil novos óbitos e mais de 3 milhões de casos registrados desde que a pasta passou a ser gerida por militares, muitos deles da ativa, o que reforça o escárnio.
No Ministério da Saúde, os militares, sob a batuta de Pazuello, limitam-se a cumprir ordens e referendar, sem questionamentos, as diretrizes de Bolsonaro, um irresponsável que desde o início da pandemia foi contrário ao isolamento social e sempre que possível promove a hidroxicloroquina como “cura” contra a Covid-19, mesmo que até o momento exista qualquer comprovação científica da eficácia do medicamento.
Com a chegada de Eduardo Pazuello no ministério, o presidente passou a pressionar os integrantes da pasta, para que os números reais sobre a pandemia fossem ocultados, em especial da imprensa, mas o governo foi obrigado a voltar atrás após ordem do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em números absolutos, o Brasil é o segundo país com maior número de infecções e mortes pelo novo coronavírus, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, que já acumulam mais de 5,4 milhões de casos e mais de 171 mil óbitos. A Índia, que chegou a impor uma das maiores quarentenas do planeta no início da pandemia, agora é o terceiro país mais afetado pela Covid-19, com 2,7 milhões de casos e 51 mil mortos.
Ao todo, mais de 21,9 milhões de pessoas foram infectadas pelo vírus em todo o planeta, enquanto mais de 777 mil morreram em decorrência da doença, segundo contagem mantida pela Universidade Johns Hopkins (EUA). (Com agências de notícias)
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