Loja de Flávio Bolsonaro recebeu depósitos suspeitos, Wassef cobrou fortuna da JBS, mas o Brasil está calado

 
Causa preocupação a letargia do brasileiro diante dos escândalos envolvendo o presidente Jair Bolsonaro e seus filhos. O imbróglio das “rachadinhas”, que tem na proa o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz, é motivo mais que suficiente para a opinião pública bradar contra um governante eleito à sombra do discurso do combate à corrupção, da restauração da ética pública e da moralização da política. Mesmo assim, o silêncio é tão sepulcral quanto obsequioso.

Apesar disso, os brasileiros continuam paralisados e de braços cruzados, como se escândalos de corrupção e crimes correlatos só devessem ser criticados quando levados a cabo por integrantes da esquerda. Se o problema da população nacional era apenas ideológico – não cremos nessa possibilidade –, que nos protestos tivesse levado o esquerdismo à guilhotina, em vez de condenar os atos criminosos protagonizados por seus atores.

Na esteira das malfadadas “rachadinhas”, a família Bolsonaro mergulha cada vez mais no torvelinho do inexplicável. Depois de revelado o fato de que Queiroz pagou em dinheiro, na boca do caixa, despesas e contas de Flávio Bolsonaro, e respectiva família, o senador agora vê-se envolvido em nova e grave denúncia.

A loja de chocolates do parlamentar, em um shopping center do Rio de Janeiro, recebeu, entre março de 2015 e dezembro de 2018, 1.512 depósitos bancários feitos em espécie e valores repetidos, o que sugere lavagem de dinheiro. Além disso, os valores depositados não condizem com o faturamento do negócio. Foram 63 depósitos de R$ 1,5 mil em dinheiro, outros 63 de R$ 2 mil e mais 74 no valor de R$ 3 mil.

 
Não obstante, a Procuradoria-Geral da República (PGR) abriu investigação para apurar o pagamento feito pela JBS, no valor de R$ 9 milhões, ao advogado Frederick Wassef, que escondeu Queiroz em casa de sua propriedade na cidade de Atibaia, no interior paulista, e defendia Flávio Bolsonaro, mesmo que oficiosamente, no caso das “rachadinhas”.

A princípio não há crime em ser contratado por uma empresa e fixar os precificar os honorários de acordo com a própria competência, mas ultrapassa com folga as fronteiras do republicanismo o fato de o presidente da República ter telefonado para o procurador-geral Augusto Aras solicitando para que recebesse Wassef em audiência.

O advogado foi recebido por Aras na sede da PGR, em Brasília, onde tratou dos acordos de colaboração premiada envolvendo executivos da JBS, firmados em 2017 no âmbito da Operação Lava-Jato e em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF). Aras já se posicionou pela revogação dos acordos e contra a renegociação com os executivos de uma das maiores empresas de proteína animal do planeta.

Enquanto os casos acima citados continuam em acelerado processo de fermentação, Bolsonaro avança em sua campanha pela reeleição, como se nada tivesse com os episódios típicos do banditismo político. Quem conhece os bastidores da política brasileira sabe como se dá o desenrolar dos fatos e quanto vale um telefonema como o dado por Bolsonaro a Aras. Resumindo, a apatia do brasileiro preocupa sobremaneira, já que o palco atual exibe o mesmo enredo bandoleiro encenado pela esquerda.

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