Nesta quinta-feira (27), faltando poucas horas para seu discurso na convenção do Partido Republicano, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conseguiu criar um factoide para eventualmente jogar fumaça sobre sua candidataria à reeleição. No rastro da violência policial ocorrida em Kenosha, no estado norte-americano do Wisconsin, onde Jacob Blake, um negro de 29 anos, foi baleado sete vezes pelas costas, Trump decidiu criticar os times de basquete da NBA, classificada pelo mandatário como “organização política”.
Descabida, a reação do presidente americano se deu no vácuo da decisão de várias equipes da NBA se recusarem a entrar em quadra como forma de protestar contra o racismo, que vem crescendo assustadoramente nos EUA desde a chegada de Trump à Casa Branca.
“Não sei muito sobre o protesto da NBA. Sei que sua audiência tem sido muito ruim porque acho que as pessoas estão um pouco cansadas da NBA”, disse Trump aos jornalistas, em Washington, como se a categoria esportiva pudesse ser ridicularizada dessa maneira. Como todo populista barato, Donald Trump recorrer à alienação pontual para tentar emplacar seus blefes, mas a realidade dos fatos o desmente no instante seguinte.
Com os jogadores indignados, o Milwaukee Bucks, time de basquete da maior cidade do estado de Wisconsin, boicotou a rodada ao não comparecer no complexo esportivo da Disney World para a quinta partida de sua série da primeira fase dos playoffs contra o Orlando Magic.
A decisão gerou uma reação em cadeia na NBA e arrebatou outras equipes que deveriam jogar no mesmo dia, obrigando o adiamento dos confrontos entre Houston Rockets e Oklahoma City Thunder e entre Los Angeles Lakers e Portland Trail Blazers.
Astro do Los Angeles Lakers, LeBron James publicou nota nas redes sociais em que pede menos palavras e mais “ação”. Além disso, LeBron convocou os americanos para irem às urnas em 3 de novembro em busca de “mudança”. Em outras palavras, a estrela do Lakers declarou guerra a Donald Trump, que em seu discurso na convenção republicana disse ter feito mais pelos negros em três anos do que Joe Biden, seu adversário na corrida à Casa Branca, em 47 anos de carreira política.
“Mudança não acontece apenas com palavras. Acontece com ação e precisa acontecer agora. Crianças e comunidades em todo o país, cabe aos Estados Unidos fazerem a diferença. Juntos. É por isso que o seu voto é mais do que um voto”, cobrou o maior nome da atualidade do basquete.
Dizendo viver aterrorizado em seu país pelo fato de ser negro, LeBron James chegou ao ápice do inconformismo diante da violência policial ocorrida em Kenosha. No Twitter, o atleta escreveu: “Fuck this man. We demand changes. Sick of it” (em tradução livre, “Dane-se esse homem [Trump]. Nós exigimos mudanças. Estou farto disso”).
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