Em novo devaneio, Bolsonaro diz que Brasil “está de parabéns” pela forma como preserva o meio ambiente

 
É difícil saber se o presidente Jair Bolsonaro é fã do deboche institucional ou um alienado por conveniência. Com o Pantanal ardendo em chamas, a porção sul da Amazônia sendo devorada pelas queimadas, a fumaça produzida pelos incêndios criminosos sufocando cidades do Sul e do Sudeste do País, como chance concreta de chegar ao continente africano, mas Bolsonaro arruma espaço em seu conhecido besteirol para afirmar que o Brasil “está de parabéns’ pela forma como preserva o meio ambiente.

A declaração, dada nesta quinta-feira (17), durante evento de inauguração de um complexo de geração de energia solar em Coremas, no Sertão da Paraíba. “O Brasil é o país que mais preserva o meio ambiente. E alguns não entendem como, é o país que mais sofre ataques vindo de fora no tocante ao seu meio ambiente. O Brasil está de parabéns da maneira como preserva esse seu meio ambiente”, disse o presidente em mais um destampatório.

Diante de uma plateia amestrada e de aluguel, até porque esse é o modus operandi da polícia nacional, o presidente afirmou que grande parte da matriz energética nacional vem de fontes renováveis, como hidroelétricas, usinas eólicas e solares e biomassa.

Quem entende minimamente de matriz energética sabe que o Brasil ainda usa de forma predominante combustíveis fósseis, como petróleo e gás, que interferem sobremaneira o clima em toda a região, a exemplo do que ocorre no resto do planeta. Tomando por base que o governo torra um bom punhado do suado dinheiro do contribuinte para manter no Palácio do Planalto uma custosa assessoria presidencial, declarações desse teor são simplesmente inaceitáveis.

 
Esse devaneio discursivo acontece no momento em que o Pantanal enfrenta o mês de setembro com maior número de focos de incêndio desde o início da série histórica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em 1998: foram 5.603 focos de calor detectados em apenas 16 dias, contra 5.498 registrados no mês inteiro de setembro em 2007 – o recorde para o mês até este ano.

Na última terça-feira (15), oito países europeus enviaram carta ao vice-presidente da República, Hamilton Mourão, que preside o Conselho Nacional da Amazônia Legal, em que afirmam ser o avanço do desmatamento no País um entrave para a compra de produtos brasileiros por consumidores do “Velho Mundo”.

Além disso, a forma irresponsável e criminosa como o governo Bolsonaro trata o meio ambiente colocou em compasso de espera o acordo comercial entre o a União Europeia e o Mercosul.

Apesar dos espúrios acordos de coxia que selou com a banda delinquente do agronegócio durante a campanha presidencial, Bolsonaro deveria saber que a tragédia ambiental a que assistimos produzirá cada vez mais prejuízos ao País.

Não obstante, o que vem ocorrendo no Pantanal coloca a região Centro-Oeste, importante produtora de grãos, à beira do precipício em termos de produtividade agrícola. Isso porque o desmatamento, por queimadas ou derrubada de árvores, compromete de forma crescente o clima, impedindo a formação de cenários climatológicos favoráveis a chuvas e ampliando o período de estiagem. Sem chuva, os rios secam desde as nascentes e a vegetação morre.

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