Com o “Renda Cidadã” empacado, governo avalia prorrogar o auxílio emergencial; Paulo Guedes nega

 
A economia brasileira tem dado alguns lampejos de recuperação, mesmo com a crise provocada pelo novo coronavírus ainda produzindo estragos dos mais variados. Os indicadores dessa suposta recuperação são decorrentes da flexibilização das regras de isolamento social e o pagamento do auxílio emergencial, cujo fim está programado para 31 de dezembro, quando termina o chamado “orçamento de guerra”.

Dependente dos benefícios sociais para manter os índices de aprovação no patamar atual, o que em tese permite sonhar com a reeleição, apesar de nada ter feito em prol do País até o momento, o presidente Jair Bolsonaro está às voltas, juntamente com a equipe econômica do governo, na busca de uma fonte de financiamento do Bolsa Cidadã, sem furar o teto de gastos.

Muitas soluções (sic) foram apresentadas, mas nenhuma foi consistente a ponto de convencer o presidente da República de havia chegado a hora de “bater o martelo”. Como não há milagre em termos econômico-financeiros, o governo precisa encontrar uma saída com urgência, antes que o bolso do brasileiro comece a gritar. As propostas apresentadas pela equipe econômica resolviam o problema de um lado, mas de outro criava situações que poderiam gerar efeitos colaterais perigosos para quem sonha com um novo mandato presidencial.

Estourar o teto de gastos é uma solução simplista, mas acarreta ao País o aumento da desconfiança dos investidores, em especial os internacionais, que têm um olho voltado para o equilíbrio fiscal do governo. Como o Brasil depende do capital externo, o melhor é aguardar por um passe de mágica nas contas públicas que não apenas permita custear o Renda Cidadã, mas impeça de ir pelos ares a promessa de Bolsonaro de elevar o valor do auxílio.

A grande questão envolvendo o tema é que a geração de empregos caminha em velocidade muito menos do que a desemprego, o que compromete o consumo e, ato contínuo, a arrecadação tributária. Sem recursos no caixa, o governo fica cada vez mais impossibilitado de planejar voos mais altos e ousados.

 
A retomada da economia, de forma sustentável, só será possível no momento em que o governo começar a se preocupar com a microeconomia, universo onde acontece a vida acontece em suas situações comezinhas, mas movimenta a economia nacional. Com um banqueiro à frente do Ministério da Economia – é o caso de Paulo Guedes – o governo só tem olhos para as questões que envolvem a macroeconomia. De nada adianta impulsionar a engrenagem maior do sistema, se polias menores e as correias de transmissão não têm a devida atenção. E nesse cenário a reforma tributária é fundamental.

Voltando ao benefício social… Sem saber, até o momento, de onde tirar recursos para financiar o Bolsa Cidadã, sem criar novas frentes de conflito com setores distintos da sociedade, o governo Bolsonaro avalia a possibilidade de prorrogar por mais três meses – talvez até março de 2021 – o pagamento do auxílio emergencial. Para tanto, o Palácio do Planalto precisará prorrogar o estado de calamidade, que permitiu o pagamento do benefício à parte do teto de gastos.

O ministro Paulo Guedes nega essa possibilidade, mas no Palácio do Planalto, principalmente no gabinete presidencial, o assunto é tratado de outra maneira. “Tem um plano de auxílio emergencial que vai até o fim de dezembro. Tem um estado de calamidade pública que vai até o fim de dezembro. E no fim de dezembro acabou tudo isso, ponto”, afirmou o ministro.

“Não tem prorrogação, hoje a informação que existe é o seguinte: não tem prorrogação. O ministro da economia está descredenciando qualquer informação a respeito de prorrogar isso ou aquilo”, acrescentou Guedes.

Há nesse “cabo de guerra” em que se transformou o programa Renda Cidadã, que em tese substituirá o Bolsa Família, dois objetivos distintos. De um lado está desejo de Jair Bolsonaro de conseguir um novo mandato, o que exige a “compra do voto do idiota” (as palavras são do próprio presidente) e disponibilidade de recursos públicos para tal. De outro está o proselitismo nauseabundo de Paulo Guedes, que ao posar como o último gênio da raça tenta agradar aos capitalistas. A conferir!

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