Qualquer promessa envolvendo a disponibilização de uma vacina contra a Covid-19 é, além de obra do achismo, disposição para induzir a opinião pública a erro. Nenhum governante, em qualquer parte do planeta, deveria politizar questões relacionadas a um imunizante comprovadamente eficaz contra o novo coronavírus, mas o populismo barato e o oportunismo desmedido são doenças incuráveis. Afinal, o processo de certificação do medicamento é complexo e exige cuidados redobrados.
Travando uma queda de braços com o governo de São Paulo, João Dória Júnior (PSDB), o presidente Jair Bolsonaro insiste em politizar o tema com o objetivo de desqualificar o avançado processo de testes da Coronavac, vacina produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, como forma de combater um possível adversário na eleição presidencial de 2022.
Com o objetivo de esvaziar a investida de Dória no caso da vacina contra a Covid-19, Bolsonaro voltou a afirmar nesta segunda-feira (19) que a vacinação não será obrigatória, mas facultativa, como noticiamos em matéria anterior. A declaração do presidente é fruto de sua irresponsabilidade genocida, que ficou evidente a reboque do negacionismo criminoso desde o início da pandemia.
Bolsonaro afirmou, em pronunciamento, que a vacinação contra a Covid-19 será facultativa porque metade da população brasileira não quer ser imunizada. Que políticos cultivam desmedida predileção pela mentira todos sabem, mas o presidente da República abusa da mitomania ao fazer tal declaração.
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Não bastassem sua incompetência como governante e a fanfarronice torpe que o acompanha desde a estreia na política, Bolsonaro prefere abrir caminho para a delinquência intelectual ao não consultar pesquisas de opinião sobre a disposição do brasileiro em relação à vacina.
Pesquisa do instituto Datafolha, realizada nos dias 11 e 12 de agosto, revelou que 89% dos brasileiros pretendem se vacinar quando imunizantes estiverem disponíveis. Isso significa que 9 em cada 10 brasileiros estão dispostos a receber a vacina.
De acordo com o Datafolha, o percentual da população que afirmou pretender tomar a vacina é estável entre grupos de diferentes idades, sexo, renda e escolaridade. A maior variação, com percentual menor do que no grupo dos que querem tomar a vacina, se dá nas camadas sociais em que os entrevistados afirmaram não usar máscara de proteção, desrespeitar o isolamento e não temer infecção pelo novo coronavírus.
Bolsonaro, que acredita ser o último gênio da raça, precisa voltar ao banco da escola e retomar a tabuada, pois 10% da população que não mostrou disposição para a vacina está longe de ser metade dos brasileiros. Se o presidente da República faz da mentira sua tábua de salvação para permanecer no poder e pavimentar o caminho rumo a um novo mandato, que o brasileiro acorde para a realidade e reaja. Até porque, de mitômanos compulsivos e incorrigíveis o País está cansado.
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