Derretendo em sua tentativa de reeleição, Trump faz discurso marcado pela delinquência intelectual

 
Não causa espécie o fato de Jair Bolsonaro e Donald Trump serem próximos, pois ambos chafurdam no cocho da delinquência intelectual, da mitomania e da teoria da conspiração. Disparam impropérios a todo instante, sem apresentar uma prova sequer para respaldar os respectivos discursos. Comportamento típico de populista gabarola, que não escreve, sentado, o que fala em pé – e vice-versa.

Trump, que com o passar do tempo vê a derrota se aproximar no escopo de sua tentativa de permanecer mais quatro anos na Casa Branca, nas últimas horas vem recorrendo à Justiça americana para embolar uma eleição que até o momento não registrou indícios de fraude. Ou seja, o desespero tomou conta do atual presidente dos Estados Unidos, um bufão profissional que transformou a presidência em reality show de quinta.

O presidente dos EUA tentou interromper a contagem dos votos em alguns estados, sob as mais distintas alegações, sem que o Judiciário tivesse caído em suas esparrelas. Esse script novelesco marcou o discurso que fez no início da noite desta quinta-feira (5) na Casa Branca, ocasião em que acusou os democratas e os funcionários envolvidos na apuração de corruptos.

Não contente, Trump afirmou sem apresentar provas, como sempre, que os democratas “estão roubando a eleição” e que os EUA não podem aceitar esse tipo de situação. Se há alguém que está a roubar algo nesse conturbado e disputado processo eleitoral, esse é o próprio Trump, que por mero capricho rouba acintosamente a solidez da maior democracia do planeta, agora alvo de chacota de ditadores dos mais variados naipes.

Recentemente, Donald Trump afirmou em um de seus ameaçadores discursos que a eleição presidencial não acabaria bem e que em caso de derrota recorreria à Justiça. O presidente americano é um histriônico confesso, que como tal tem sérias dificuldades para lidar com contrariedades, mas é impossível não aceitar uma derrota que começa a despontar no horizonte com maior clareza.

 
Muito além da quase consumada derrota de Donald Trump, perdem os Estados Unidos e a democracia norte-americana com esse comportamento bizarro e fascista, que se aproxima do garoto mimado que manda no time de futebol do bairro apenas porque é o dono da bola. E maioria dos americanos viu em Joe Biden a agulha que pode furar a bola e acabar com a graça de um mitômano contumaz e arrogante.

Uma derrocada no projeto de reeleição configura duro golpe na desmedida vaidade de Trump, além de impactar fortemente nas finanças de seus negócios. Enfrentando sérias dificuldades como empresário, com dívidas que beiram a cifra de US$ 1,1 bilhão, Trump terá problemas para quitar esses compromissos financeiros caso sua derrota seja oficialmente confirmada, em especial porque boa parte desse montante vence no curto prazo (dois a três anos).

Caso continue como presidente dos EUA, seu poder de negociação junto aos credores cresce sobremaneira, mesmo que a legislação americana não permita tal conduta. Contudo, com uma derrota que fica mais evidente com o avanço dos ponteiros do relógio, Trump corre o sério risco de mergulhar de cabeça em um implacável torvelinho financeiro.

Voltando ao discurso… A fala torpe e rasteira de Trump causa espanto e preocupação, pois o líder de uma democracia – a maior delas – não pode apelar à delinquência intelectual para atacar a vontade do eleitor, que nesta eleição decidiu, tudo indica, despejar o atual inquilino da Casa Branca.

Ao afirmar que os democratas “estão roubando a eleição”, Trump incendeia seus apoiadores mais radicais, que poderão sair às ruas de armas em punho para intimidar os adversários políticos.

Além disso, quando diz que os funcionários envolvidos na apuração dos votos estão a cometer fraudes para favorecer Joe Biden, Trump lança um convite aos seus descontrolados aduladores para que usem de violência contra essas pessoas, como forma de vingança por não aceitar a derrota que se avizinha. Se uma tragédia eventualmente acontecer nos EUA – a chance é grande –, o único responsável será Donald J. Trump.

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