Na edição da última terça-feira, 3 de novembro, o UCHO.INFO afirmou sem medo de errar que o vice-presidente Hamilton Mourão é o líder da mais nova frente de oposição a Jair Bolsonaro. Muitos estanharam nossa afirmação, mas os movimentos de coxia dos generais palacianos e o posicionamento das Forças Armadas diante das estapafúrdias decisões do presidente da República nos deram tranquilidade para tal.
Mourão, general da reserva, transformou-se em ponta de lança da caserna para estocar Bolsonaro, que desses o primeiro dia de governo recorre ao radicalismo ideológico para atentar contra a democracia, em que pese os poucos recuos ao longo do percurso.
A prova definitiva para respaldar nossa análise surgiu nesta quinta-feira (5), a reboque da informação de que os militares torcem pela vitória do democrata Joe Biden na eleição presidencial americana, enquanto Bolsonaro continua torcendo pelo bufão Donald Trump.
A possibilidade cada vez maior de Biden sair vitorioso na corrida à Casa Branca permite aos militares brasileiros de alta patente sonhar com doses de pragmatismo no âmbito do governo, algo que deveria estar dominando a cena desde 1º de janeiro de 2019. A cúpula das Forças Armadas e os militares palacianos falam em “boas perspectivas para o Brasil” na esteira da vitória de Joe Biden.
Evitando ao máximo conflitos com o núcleo duro do bolsonarismo, os militares demonstraram irritação com o comportamento do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) nas redes sociais, onde postou mensagens a favor de Trump e sugerindo fraude no processo eleitoral americano.
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Na opinião dos militares, a atitude de Eduardo Bolsonaro, o filho “03”, compromete o esforço da cúpula do governo para amentar o presidente da República afastado da eleição nos Estados Unidos.
Abrindo caminho mais uma vez à teoria da conspiração que impulsiona o clã presidencial, Eduardo Bolsonaro sugeriu nas redes sociais que irregularidades na eleição presidencial americana estaria beneficiando o democrata Joe Biden.
Em uma das postagens, o filho de Bolsonaro destacou a similaridade da situação política nos EUA e no Brasil. É preciso reconhecer o acerto da postagem do deputado, pois Trump e Bolsonaro são uníssonos em termos de estupidez política e delinquência intelectual.
Na quarta-feira (4), Hamilton Mourão deu mais um recado a Bolsonaro ao declarar que o relacionamento do Brasil com os Estados Unidos será institucional, independentemente de quem vença a eleição na terra do Tio Sam.
“O relacionamento do Brasil com os EUA é um relacionamento de Estado para Estado, independente do governo que tiver lá. Óbvio que cada governo tem suas prioridades, tem suas características. Então, pode ter algumas mudanças pontuais, mas no conjunto da obra nós vamos continuar com a mesma, vamos dizer assim, com as mesmas ligações”, declarou o vice-presidente.
Que Jair Bolsonaro tem graves problemas cognitivos todos sabem, mas não compreender uma declaração clara e didática como a de Mourão, que revela a importância de uma política entre Estados, não entre companheiros de ideologia tosca e retrógrada, é assumir a incapacidade de governar um país como o Brasil, com tantos problemas a serem solucionados.
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