Observadores internacionais descartam fraude na eleição presidencial dos EUA e criticam Trump

 
Observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) descartaram de forma enfática a possibilidade de fraude na eleição dos Estados Unidos e disseram que as acusações do presidente Donald Trump ao processo eleitoral do país prejudicam a confiança do público americano nas instituições democráticas.

Em entrevista à Deutsche Welle, a chefe da missão, Urszula Gacek, afirmou não ter encontrado evidências de falha sistêmica no processamento dos votos pelo correio e disse não ter visto um único incidente irregular na Pensilvânia, onde a campanha de Trump contesta a contagem.

“Nas suas declarações, Trump minou a confiança do eleitor no processo eleitoral. Isso é um fato, isso está gravado”, declarou Gacek, acrescentando que o desafio agora é reconstruir essa confiança.

Em comunicado divulgado na quarta-feira (4), a missão da OSCE afirmou que “alegações infundadas de deficiências sistemáticas, particularmente por parte do presidente em exercício, inclusive na noite das eleições, prejudicam a confiança do público nas instituições democráticas”.

Garantir a contagem de todos os votos é uma obrigação fundamental de todos os setores do governo, destacou a missão que acompanha as eleições nos Estados Unidos.

O grupo de observadores elogiou o processo eleitoral em si, afirmando que foi “competitivo e bem administrado”, apesar dos inúmeros desafios impostos pela pandemia do novo coronavírus.

 
“Polarização obscurece debate político”

Os observadores notaram, porém, que a campanha eleitoral foi caracterizada por uma “polarização política profundamente enraizada, que muitas vezes obscurecia o debate político mais amplo e incluía alegações infundadas de fraude sistemática”.

Na quarta-feira, poucas horas após o fim da votação, o presidente Donald Trump denunciou “fraude” e afirmou que a eleição estava sendo roubada, em ambos os casos sem fornecer provas, e ameaçou recorrer à Suprema Corte para impedir a contagem de votos enviados pelo correio.

A campanha de Trump tenta parar a contagem na Pensilvânia, em Wisconsin e na Geórgia, alegando fraude, sem apresentar provas ou indícios das supostas irregularidades. Ou seja, Trump quer criar um cenário para tentar evitar a derrota no chamado “tapetão”.

A chefe da delegação da Assembleia Parlamentar da OSCE, Kari Henriksen, defendeu “o direito de voto e de que esse voto seja contabilizado” como “um dos princípios mais fundamentais da democracia”.

Ela manifestou preocupação com as “tentativas de restringir a contagem dos votos expressos legalmente”, em um contexto de pandemia e face ao aumento do voto pelo correio.

Durante toda a campanha, Trump semeou a desconfiança no voto pelo correio, mesmo sem qualquer evidência de que isso pudesse levar a uma fraude generalizada. Muito estranhamente, Donald Trump não contestou os votos por correio na eleição de 2016, quando venceu a disputa para comandar os EUA.

“Esta eleição ainda não acabou e permaneceremos aqui em Washington e nos principais estados do país até que acabe”, disse Gacek. (Com DW e agências internacionais)

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