Depois de dedicar, durante meses a fio, nauseante sabujice a Donald Trump, que derrete em sua tentativa de reeleição, Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira (6) que o presidente dos Estados Unidos “não é a pessoa mais importante do mundo”.
A declaração foi dada durante evento de formatura da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Florianópolis, ocasião em que Bolsonaro afirmou que fatos que ocorrem fora do País interessam “para cada um de nós” no Brasil.
O presidente aproveitou o ensejo para, em falso momento de humildade, dizer que “não é a pessoa mais importante do Brasil”. Que ninguém acredite nessas falsas palavras, pois Bolsonaro é um prepotente travestido de humilde, no melhor estilo lobo em pele de cordeiro.
“O momento do Brasil ainda é difícil. Assistimos a política externa. Temos nossas preferências e o que acontece lá fora interessa para cada um de nós aqui dentro”, disse o chefe do Executivo.
Aos formandos da PRF, Bolsonaro mencionou Deus e a necessidade de ter humildade mais de uma vez. “Em certos momentos, somente uma coisa nos encoraja e nos fortalece. É Deus sempre acima de tudo”, disse.
“Eu não sou a pessoa mais importante do Brasil, assim como Trump não é a pessoa mais importante do mundo, como ele bem mesmo disse. A pessoa mais importante é Deus. A humildade tem que se fazer presente entre nós”, declarou.
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A mudança de tom no discurso em relação à política externa brasileira, que até a última quarta-feira (4) continha críticas absurdas ao candidato democrata Joe Biden, é fruto do aconselhamento de assessores, que enxergam nesse recuo uma oportunidade de sobrevivência política. Ou seja, Bolsonaro continua refém do seu pensamento tosco e radical, mas agora finge-se de humilde e moderado para ludibriar a opinião pública.
Ignorando mais uma vez a laicidade do Estado, Bolsonaro insiste em jogar para o eleitorado evangélico ao mencionar Deus em seus discursos políticos, ao mesmo tempo em que convive com pessoas que têm atitudes luciferianas. Ademais, quem idolatra um torturador, cuja memória é exaltada com frequência, não pode falar em ter Deus no coração. É uma questão de coerência.
O evento na capital catarinense Jair Bolsonaro ressaltou o diálogo entre os membros da equipe ministerial, apesar dos recentes conflitos e do embate entre os militares e a ala ideológica do governo, que de forma recorrente cria frentes de atritos com os generais palacianos.
Como se o brasileiro fosse tolo, Bolsonaro enfatizou que “todos os ministros” do governo foram escolhidos por um critério “técnico”, “de patriotismo” e de “ter Deus no coração”.
Ciente de que a vitória de Biden o deixará isolado no cenário internacional e poderá provocar problemas internos, em especial na área econômica, Bolsonaro age para reforçar o apoio evangélico, apostando novamente na polarização ideológica e na cizânia da sociedade. Essa receita tem prazo de validade curto e efeitos colaterais perigosos e conhecidos. Donald Trump e os americanos que o digam!
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