Com linguajar tosco e baixo, Bolsonaro volta a minimizar a pandemia e fala em “país de maricas”

 
A delinquência intelectual é enorme e nauseante, a ponto de envergonhar qualquer brasileiro minimamente esclarecido. Depois de comemorar a suspensão dos testes da Coronavac, vacina produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, Bolsonaro novamente despejou sobre a opinião pública, nesta terça-feira (10), seus conhecidos destampatórios.

Quase isolado no campo do negacionismo em relação à pandemia do novo coronavírus, o presidente voltou a minimizar os estragos produzidos pela Covid-19, doença que segundo o próprio Bolsonaro causaria no máximo 800 mortes.

Aparentemente incomodado com os efeitos colaterais da irresponsável declaração publicada mais cedo no Facebook, Bolsonaro disse que o Brasil precisa deixar de ser um “país de maricas”, como se as vítimas do novo coronavírus pudessem ser rotuladas como tal.

“Tudo agora é pandemia, tem que acabar com esse negócio. Lamento os mortos, lamento. Todos nós vamos morrer um dia, aqui todo mundo vai morrer. Não adianta fugir disso, fugir da realidade. Tem que deixar de ser um país de maricas. Olha que prato cheio para imprensa. Prato cheio para a urubuzada que está ali atrás. Temos que enfrentar de peito aberto, lutar”, disse o presidente da República durante evento no Palácio do Planalto.

Não é a primeira vez que Bolsonaro minimiza a pandemia a tenta contra a memória dos mortos pela doença e a dor dos familiares que perderam seus entes queridos.

Vocês foram na lona nessa pandemia. Que foi superdimensionada. A manchete amanhã: “ah, não tem carinho, não tem sentimento com quem morreu…”. Tenho sentimento com todos que morreram. Mas (foi) superdimensionado”.

 
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Não é a primeira vez que Bolsonaro comenta sobre fatos relacionados à pandemia com deboche e irresponsabilidade. Em 20 de março, o presidente declarou: “Depois da facada, não vai ser gripezinha que vai me derrubar, não. Tá ok?”. No dia seguinte, 21 de março, ao participar do Programa do ratinho, afirmou: “Vão morrer alguns pelo vírus? Sim, vão morrer. Se tiver um com deficiência, pegou no contrapé, eu lamento”.

Em 25 de março, em postagem no Twitter, Bolsonaro escreveu: “É mais fácil fazer demagogia diante de uma população assustada, do que falar a verdade. Isso custa popularidade. Não estou preocupado com isso! Aproveitar-se do medo das pessoas para fazer politicagem num momento como esse é coisa de COVARDE! A demagogia acelera o caos”

Em 3 de abril, o presidente, em entrevista ao apresentador José Luiz Datena, afirmou que a Covid-19 “é igual a uma chuva. Ela vem e você vai se molhar, mas não vai morrer afogado”. “Vai molhar 70% de vocês. Isso ninguém contesta. E toda nação vai ficar livre de pandemia depois que 70% for infectado e conseguir os anticorpos. Ponto final. Agora, desses 70%, uma pequena parte, que são os idosos e que têm planos de saúde, vai ter (sic) problemas sérios”.

Em 28 de abril, o presidente, ao ser questionado sobre o recorde de mortes registrado naquele momento, disse: “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre”, em referência ao seu nome, Jair Messias.

Em 14 de maio, o presidente defendeu a tese de que o isolamento social em razão da pandemia impactaria a economia do País. “Vamos ser fadados a viver em um país de miseráveis, como tem alguns países da África subsaariana. Nós temos que ter coragem de enfrentar o vírus. Está morrendo gente? Tá. Lamento? Lamento, lamento. Mas vai morrer muito, muito, mas muito mais se a economia continuar sendo destroçada por essas medidas”.

Sobre o uso do termo “maricas”, como citado acima, o UCHO.INFO insiste na tese de que a homofobia que embala Jair Bolsonaro deve ter explicação. O presidente talvez tenha dificuldade para lidar com algum caso de homossexualidade na família ou usa a projeção para externar aquilo que no âmago o incomoda sobremaneira.

Na Psicologia, a projeção é considerada um mecanismo de defesa no qual os atributos indesejados de determinada pessoa são transferidos a terceiros, às vezes tornam-se objetos de agressões verbais torpes e genéricas, como as vociferadas por Bolsonaro. Em suma, se o chaveiro da esquina não resolver o problema, Freud explica!

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