Será o general Eduardo Pazuello um “marica” por ter afirmado que a Covid-19 é “doença complicada”?

 
Oito meses após a pandemia do novo coronavírus ter desembarcado no Brasil, onde até o momento provocou mais de 163 mil mortes e 5,8 milhões de casos confirmados da doença, o pífio governo de Jair Bolsonaro continua tratando a Covid-19 com desdém e irresponsabilidade genocida. Esse cenário é suficiente para a abertura de processo de impeachment contra Bolsonaro por crime de responsabilidade, mas o Congresso Nacional mostra-se covarde cada vez mais.

Movido pela delinquência intelectual, Jair Bolsonaro, um populista apasquinado que faz da mentira e do deboche instrumentos para guerrear no campo político, já classificou a Covid-19 como “resfriadinho” e “gripezinha”, além de ter chamado de “maricas” aqueles que temem a doença. Esse palavrório insano jogou o Brasil na vala da galhofa, com direito a chistes e memes de toda ordem.

Ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, que recentemente testou positivo para o novo coronavírus, retornou ao trabalho na quarta-feira (11), após seguidos dias de isolamento, e disse não estar totalmente recuperado, classificando a Covid-19 como “doença complicada”.

“Não estou completamente recuperado, é claro. É uma doença complicada. É difícil você voltar ao normal, mas a gente já consegue trabalhar um pouquinho. É o primeiro dia de atividade no trabalho”, declarou o ministro.

 
A última aparição pública de Pazuello ocorreu há vinte dias, quando participou de transmissão nas redes sociais ao lado do presidente da República. Na ocasião, já sob cuidados médicos em função da Covid-19, o ministro disse que estava “zero bala”.

Ora, se há aproximadamente três semanas Pazuello afirmou que estava “zero bala”, como pode o ministro, após tratamento médico-hospitalar, afirmar que “não está completamente recuperado”? Os mais distintos dicionários informais do idioma oficial dessa barafunda chamada Brasil trazem “novo em folha” como definição da gíria “zero bala”.

Por ocasião da transmissão ao vivo pela internet, Bolsonaro aproveitou a oportunidade para afirmar que a suposta e rápida recuperação de Pazuello era “mais um caso concreto” de que o uso da hidroxicloroquina “deu certo”, apesar de o fármaco não ter eficácia comprovada contra o novo coronavírus.

É impossível saber de fato se Pazuello fez uso de hidroxicloroquina durante o tratamento contra a Covid-19, mas em caso positivo, a droga não produziu o efeito esperado, pois o ministro está a léguas de distância do status “zero bala”, segundo sua declaração.

Pois bem, considerando que para Jair Bolsonaro todos que temem a Covid-19 são “maricas”, o ministro da Saúde precisa vir a público para explicar se aceita essa cangalha homofóbica criada por um presidente ignorante, preconceituoso e amante do totalitarismo. Com a palavra, o ministro Eduardo Pazuello, que há dias usou a expressão “um manda, o outro obedece”.

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