Covid-19: lote inicial com 120 mil doses da vacina Coronavac chega a São Paulo

 
O governo do Estado de São Paulo recebeu nesta quinta-feira (19/) o primeiro lote da vacina Coronavac, com 120 mil doses, vindo da China. A chegada do lote ao Aeroporto Governador André Franco Montoro, em Guarulhos, popularmente chamado de Aeroporto de Cumbica, foi acompanhada pelo governador João Dória Júnior (PSDB), pelo diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, e pelo secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchtey.

O governo paulista fechou acordo com a farmacêutica chinesa Sinovac, fabricante do imunizante, para a produção de 46 milhões de doses e transferência de tecnologia ao Butantan, parceiro nos testes clínicos de fase 3 que estão sendo feitos no Brasil. O acordo prevê a entrega de 6 milhões de doses até o fim do ano e a produção no Brasil de mais 40 milhões de doses.

Prontas para uso em janeiro

Na última terça-feira (17), o Butantan comunicou que receberia as primeiras doses esta semana e, até o fim de novembro, a matéria-prima para a produção local da vacina.

“Receberemos ainda neste mês uma quantidade inicial de 600 litros de matéria-prima para iniciar a produção aqui no Butantan. Tudo caminha para que rapidamente tenhamos 46 milhões de doses de vacinas prontas para uso já em janeiro”, afirmou Dimas Covas.

A aplicação da vacina só será possível após aprovação pela Anvisa, o que, por sua vez, depende da conclusão da terceira fase de testes clínicos, em andamento. Além disso, há o ingrediente político nesse episódio, apesar de autoridades do governo federal e da própria agência negarem o fato.

Eficácia elevada

Um estudo publicado nesta terça-feira na revista científica “The Lancet” afirma que a Coronavac produziu, após 28 dias, anticorpos em 97% dos voluntários saudáveis testados e é considerada segura.
Os dados do estudo referem-se à primeira e à segunda fases de testes clínicos. A terceira fase ainda não foi concluída.

Os resultados são provenientes de testes clínicos feitos na China em abril e maio, com 744 voluntários saudáveis entre os 18 e 59 anos, e revelaram que as respostas de anticorpos podem ser induzidas dentro de 28 dias após a primeira imunização, administrando duas doses da vacina com 14 dias de intervalo.

 
Queda de braços: Bolsonaro X Dória

A Coronavac está no centro de uma disputa política entre João Dória e o presidente Jair Bolsonaro. Em 20 de outubro, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciou a intenção do governo federal de comprar 46 milhões de doses da vacina chinesa. Porém, algumas horas após o anúncio, Bolsonaro desautorizou o ministro e vetou a compra da Coronavac.

A recusa contrasta com outro acordo – firmado pelo governo federal com a Universidade de Oxford e com o laboratório AstraZeneca – para a compra de 100 milhões de doses da vacina britânica, que ambas as instituições desenvolvem e que se encontra na mesma fase de testes clínicos que a da Sinovac.

Na última semana, Bolsonaro elevou ainda mais a polêmica em torno da vacina ao declarar vitória após a suspensão dos testes da Coronavac por causa da morte de um voluntário. “Mais uma vitória de Jair Bolsonaro. Morte, invalidez, anomalia. Essa é a vacina que Doria queria obrigar o povo paulista a tomar”, escreveu Bolsonaro nas redes sociais.

A posição do presidente gerou várias críticas de políticos e de profissionais de saúde, que o acusaram de politizar a busca pela vacina, desacreditar o imunizante da Sinovac e de festejar a morte de uma pessoa.

A Anvisa autorizou a retomada dos testes no Brasil após as autoridades terem concluído que o óbito não estava relacionado com a vacina. Na verdade, o jovem voluntário cometeu suicídio, ingerindo elevadas doses de tranquilizantes, anestésicos potentes e álcool, sendo laudo do Instituo Médico-Legal de São Paulo.

Depois de várias críticas, Bolsonaro recuou e admitiu há dias, antes das eleições municipais, a possibilidade de adquirir a Coronavac, caso seja aprovada pela Anvisa e pelo Ministério da Saúde, e vendida a preço que considere justo. Mesmo assim, o presidente da República insinuou que algo estranho existe na vacina da Sinovac.

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