Como afirmamos na edição de 9 de dezembro, João Dória Júnior (PSDB), goste-se ou não do governador de São Paulo, fez um enorme bem ao Brasil ao provocar, no ringue da Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro, que trata a pandemia do novo coronavírus com seu criminoso negacionismo e insiste em politizar a questão da vacina contra a doença.
Em que pese o fato de Dória também ter interesse nos dividendos políticos da Coronavac, vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac e fabricada no Brasil pelo Instituto Butantan, Bolsonaro foi obrigado a agir, pois do contrário o derretimento de seu projeto de reeleição seria inevitável.
A exemplo do que publicamos em matéria anterior, a postura do governador paulista obrigou Bolsonaro a ordenar ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, imediata mudança no discurso, já que o prazo de 60 dias para registro de qualquer vacina no Brasil contra a Covid-19 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) repercutiu negativamente.
Pazuello, que já demonstrou ser sabujo ao afirmar que cumpre à risca as ordens de Bolsonaro, anunciou que o Brasil começará o processo de vacinação ainda em dezembro, o que não é verdade. O ministro também afirmou que o governo brasileiro comprará 70 milhões de doses do imunizante da Pfizer-BioNTech. Mas não é essa a realidade que envolve a negociação entre as partes. Ademais, a logística para um plano de imunização em todo o País não é algo possível com um simples acionar de botões.
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Além disso, o processo de vacinação no Canadá, que usará majoritariamente a vacina Pfizer-BioNTech, prejudicará os planos de Bolsonaro, que tenta reverter a derrocada política no campo da vacinação. Isso fez com que a Anvisa mudasse as regras para registro de vacinas em caráter emergencial. Ou seja, a pressão do governo de São Paulo está surtindo resultado.
Enquanto os brasileiros assistiam ao negacionismo torpe de Bolsonaro, Reino Unido e Canadá largaram na frente e adquiriram vacinas da Pfizer em quantidade suficiente para uma primeira leva de imunização. Diante da pasmaceira do governo Bolsonaro, a farmacêutica norte-americana só conseguirá entregar vacina ao Brasil em janeiro, em quantidade reduzida. Isso significa que a prometida vacinação em dezembro é um misto de devaneio de quem desconhece o assunto com desespero político.
Não obstante, o Instituto Butantan já começou a produzir a Coronavac, o que permitirá a disponibilização nos próximos meses de 46 milhões de doses da vacina desenvolvida pela Sinovac. Para piorar o cenário desfavorável a Bolsonaro, ao menos 11 estados brasileiros negociam com o Butantan a aquisição do imunizante.
A deficiência intelectual de Jair Bolsonaro não é novidade para os leitores do UCHO.INFO, pois durante a campanha presidencial de 2018 alertamos de forma insistente para o perigo que representava a eleição de um despreparado. A vacinação em massa, que agora passou a ser prioridade para o governo, reduz o número de mortes, minimiza os gastos com internações e alavanca a economia. Contudo, não enxergar o óbvio é inaceitável.
Afirmamos recentemente que causa espécie o fato de Bolsonaro ter mudado de opinião a respeito da vacinação dos brasileiros. Até outro dia, o presidente afirmava que a vacinação não será compulsória, apesar de a legislação brasileira prever a obrigatoriedade, mas agora o governo fala em vacinar toda a população. Quando um governante faz da vida do cidadão uma ferramenta política, é chegada a hora do basta.
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